ATA DA TRIGÉSIMA QUARTA
SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA
LEGISLATURA, EM 25-4-2013.
Aos vinte e cinco dias do
mês de abril do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores
Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Bernardino Vendruscolo, Clàudio Janta,
Delegado Cleiton, Dr. Thiago, Guilherme Socias Villela, João Carlos Nedel,
Márcio Bins Ely, Paulinho Motorista, Paulo Brum, Professor Garcia e Reginaldo
Pujol. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos
os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Any Ortiz,
Cassio Trogildo, Elizandro Sabino, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, Idenir
Cecchim, Jussara Cony, Lourdes Sprenger, Luiza Neves, Marcelo Sgarbossa, Mario
Fraga, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mônica Leal, Pedro Ruas, Roni Casa da
Sopa, Séfora Mota, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra, Valter Nagelstein e
Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: os Projetos de Lei do Legislativo nos
040 e 120/13 (Processos nos 0692 e 1307/13, respectivamente), de
autoria do vereador Delegado Cleiton; o Projeto de Lei do Legislativo nº 121/13
(Processo nº 1310/13), de autoria do vereador Elizandro Sabino; e o Projeto de
Lei do Legislativo nº 062/13 (Processo nº 0360/13), de autoria do vereador
Paulinho Motorista. A seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA
POPULAR, ao senhor Sady Severo Martins, Presidente da Igreja Evangélica
Pentecostal Deus Conosco, que discorreu sobre questões atinentes aos serviços
de transporte coletivo, saúde e assistência social em Porto Alegre. Em
prosseguimento, nos termos do artigo 206 do Regimento, os vereadores Tarciso
Flecha Negra, Reginaldo Pujol, Engº Comassetto e Clàudio Janta manifestaram-se
acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Após, o senhor Presidente
concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, ao senhor
Sady Severo Martins. Às quatorze horas e trinta e nove minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta
minutos. Em continuidade, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo
vereador Mauro Pinheiro, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da
presente Sessão. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 002/13, discutido pelo vereador
Reginaldo Pujol, os Projetos de Lei do Legislativo nos 098, 099 e
077/13, este discutido pelo vereador Clàudio Janta, o Projeto de Lei do
Executivo nº 015/13, discutido pelos vereadores Engº Comassetto e Idenir
Cecchim; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 188/13,
discutido pelos vereadores Reginaldo Pujol e Valter Nagelstein, e 028/13,
discutido pelo vereador Reginaldo Pujol. Também,
foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Cassio Trogildo, Líder da
Bancada do PTB, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º do Regimento,
Licença para Tratamento de Saúde para o vereador Alceu Brasinha, do dia de hoje
ao dia trinta de abril do corrente, tendo o senhor Presidente declarado
empossado na vereança o suplente Roni Casa da Sopa, informando que Sua Senhoria
integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. A seguir, foi
iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, §
4º, do Regimento, a tratar de questões atinentes ao Conduto Forçado Álvaro
Chaves. Compuseram a Mesa: o vereador João Carlos Nedel, presidindo os
trabalhos; o senhor Tarso Boelter e a senhora Denise Cantarutti, respectivamente
Diretor-Geral e Diretora-Geral Adjunta do Departamento de Esgotos Pluviais; os
senhores Paulo Deni Farias, Vice-Presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; Artur Lorentz,
Vice-Presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul; e André Luiz
Lopes da Silveira, Diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do
artigo 180, § 4º, incisos I e II, do Regimento, aos senhores Tarso Boelter,
Paulo Deni Farias, André Luiz Lopes da Silveira e Artur Lorentz, que se
pronunciaram sobre o tema em debate. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180,
§ 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores Engº Comassetto,
Airto Ferronato, Valter Nagelstein, Mauro Pinheiro, Clàudio Janta, Márcio Bins
Ely, Alberto Kopittke, Reginaldo Pujol, Idenir Cecchim, Cassio Trogildo,
Jussara Cony e Mario Fraga. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os
vereadores Airto Ferronato, Engº Comassetto, Cassio Trogildo, Jussara Cony,
Airto Ferronato e Engº Comassetto. A seguir, o senhor Presidente concedeu a
palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, aos senhores Tarso
Boelter, Paulo Deni Farias e André Luiz Lopes da Silveira. Às dezessete
horas e cinquenta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos.
Durante a Sessão, os
vereadores Engº Comassetto e Valter Nagelstein manifestaram-se acerca de
assuntos diversos. Também, foram registradas as presenças, neste Plenário, dos
senhores Adeli Sell, ex-vereador deste Legislativo, e Edson Brum, Presidente
Estadual do PMDB. Às dezoito horas, constatada a inexistência de quórum para
retomada dos trabalhos, o senhor Presidente declarou encerrada a presente
Sessão, convocando
os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos vereadores Dr. Thiago, Waldir Canal e João Carlos Nedel
e secretariados pelo vereador João Carlos Nedel. Do que foi lavrada a presente
Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): Passamos à
TRIBUNA POPULAR
O Sr. Sady Severo Martins,
representando a Igreja Evangélica Pentecostal Deus
Conosco, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para
tratar de assunto relativo a transporte coletivo,
saúde e assistência social.
O SR. SADY SEVERO MARTINS: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, funcionários da Casa, boa-tarde a todos; eu vim aqui falar sobre
dois temas. Um já estou cancelando porque parece que já corre uma tutela
antecipada – é o aumento das passagens do transporte coletivo –, então, já não
é mais cabível para mim. Vou ratificar o que falei em 2011 aqui nesta tribuna,
pois parece que ninguém fez causa, ninguém fez nada sobre a proposta de
engenharia que a gente falou aqui da cidade
de Porto Alegre para os próximos 50 anos.
Eu ouço falar sobre a criação de metrô em Porto
Alegre e eu, como munícipe e brasileiro, sinto-me incomodado porque o metrô em
Porto Alegre é desnecessário. Desnecessário porque é uma Cidade que cresce
muito pouco, é uma Cidade em que seus imigrantes são os colonos, são os
próprios camponeses, não tem imigrantes de outros Estados, ela cresce pouco,
poderiam criar trólebus. Eu falei do trólebus elétrico para a Zona Sul e para a
Zona Norte, com barramento de quatro e quarenta para tocar esses ônibus em que cabem
cem passageiros por vez, o que desafogaria um pouco o trânsito de Porto Alegre.
Também que circulasse um final de número de placa de carro por dia na Cidade –
que fosse decretada uma lei – para desafogar o trânsito na hora de pique. Os
trabalhadores querem trabalhar, chegam atrasados no emprego, e todo o mundo
perde; é a indústria, é o trabalhador, todos perdem! A engenharia de trânsito
tem que ser trocada, é arcaica a nossa engenharia de trânsito! Na Av. Farrapos,
que é uma avenida de trânsito rápido, leva quase uma hora para vir do aeroporto
até aqui de tanta sinaleira que tem. Primeiro, nós temos que retificar a nossa
engenharia de trânsito para, depois, pensar em metrô. A nossa Porto Alegre é
uma cidade que tem pouca população e cresce pouco. Então, não vale a pena
gastar horrores em metrô, é a minha opinião como munícipe.
Falando na Saúde, a Saúde está um caos porque
criaram lei complementar, por exemplo, a lei de inibir o direito de ir e vir.
Aqui em Porto Alegre, a pessoa não pode consultar noutro bairro, tem que
consultar no bairro onde mora. Nós estamos num labirinto sem saída porque a
quem nós podíamos recorrer, que é o Judiciário, faz igual. O Fórum Central faz
a mesma coisa. Se tu moras na Zona Norte, vais no Fórum da Zona Norte. Ora,
estamos na mesma Cidade, isso aí é inconstitucional! Se os guardiões da lei
estão fazendo assim, a quem nós vamos recorrer? Essa é a minha revolta.
Também coloquei aqui em 2011 que esta Casa, que é
uma casa inteligente, apresentasse um projeto de um trem-bala que ligasse as
Capitais dos quatro Estados, de Porto Alegre a São Paulo, para desafogar a
malha aérea. Também nada foi pensado sobre isso!
Nós temos tantas outras coisas para resolver! Os
postos de saúde, se começarem a remover os funcionários - eles têm uma Portaria
para trabalhar naquele posto - e trocar de lugar os funcionários, eles vão
mudando de atitude e trabalhando melhor. Eles acostumam com os moradores, ficam
conhecidos no Posto Santa Rosa, no Rubem Berta... Os idosos não têm condições
de marcar uma consulta por telefone, têm que ir para a fila, porque o sistema é
antigo, é arcaico. A marcação de consulta tem hora, e deveria ser todos os
dias. Vai um idoso pousar na fila para marcar consulta?! Isso é desnecessário,
não há necessidade dessas coisas! O que é que falta? Falta é uma ação. E essa
ação não vai ser por mim, que sou um cidadão comum e néscio de algum saber.
Seria pelo Legislativo uma ação para acabar com isso: marcação de consulta
todos os dias.
Ratificando sobre o metrô, eu digo e tenho certeza
que é desnecessário. Se criassem trólebus em Porto Alegre seria mais econômico.
E, se arrumassem a engenharia de trânsito de Porto Alegre, também melhoraria.
Esta é a minha colocação de hoje, agradeço a oportunidade. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Convido o Pastor Sady a fazer da Mesa. (Pausa.) As
ponderações que o senhor traz são bastante importantes, principalmente no que
se refere à saúde, Pastor, são bastante importantes para esta Casa.
O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TARCISO
FLECHA NEGRA: Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Martins, eu ouvi atentamente a sua fala,
e teve uma coisa ali que é importante, eu acho que é o sonho de todo
porto-alegrense e, principalmente, de todo gaúcho, que é o trem-bala. Não vou
dizer que esse trem vá até São Paulo, mas eu vou dizer dentro do nosso Estado,
onde os Deputados Estaduais gaúchos têm competência para pensar nisso. Esse
trem-bala chegando até Torres, até a fronteira com o Uruguai e com a Argentina.
Imaginem que beleza! Desafogaria a nossa freeway
e outras estradas, como a de Viamão. Seria espetacular, esse sempre foi meu
sonho antes da política. Por que não esse trem ir até o Rio de Janeiro? Agora
São Paulo já vai ter esse trem, Belo Horizonte, e deve alcançar Curitiba; e
assim Santa Catarina faz até Curitiba e, daqui a pouco, Santa Catarina até o
Rio Grande do Sul. E nós vamos ficar interligados pelo trem-bala, como é no
Japão, onde a passagem é mais barata, para que o povo, o povo mais carente,
esse povo que tanto precisa do transporte possa se locomover com mais
tranquilidade e com menor custo. Obrigado pelos dois minutos, Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Vereador-Presidente, quero, antes de mais nada,
saudar o Sr. Sady Severo Martins, Presidente da Igreja Evangélica Pentecostal
Deus Conosco, que nos prestigia hoje trazendo recomendações e propostas a
respeito do transporte coletivo, da saúde e da assistência social, três temas
que, fora de qualquer dúvida, estão inseridos no cotidiano, na realidade do dia
a dia da vida da população especialmente da nossa Cidade. E o transporte com
todos os seus problemas, com todas as suas características. Nós temos convicção
de que o transporte coletivo de Porto Alegre, por paradoxal que pareça, é o
melhor do Brasil. Isso não quer dizer que não tenha uma série de coisas que
precisam ser feitas para que ele continue sendo o melhor e seja bem melhor
ainda.
Então, eu quero cumprimentá-lo, eu acho que a sua
postura de responsabilidade social com a autoridade moral de que dispõe na
condição de religioso agiganta a sua performance
e transforma essa sua apresentação aqui na Casa num grande elemento deflagrador
de um debate sério em torno desses problemas colocados pelo amigo, bem como das
propostas suscitadas, as quais merecem e devem ser devidamente avaliadas pela
Câmara na medida em que se constituem, como eu disse, em contribuição valiosa
para o enfrentamento desses problemas.
Por isso eu quero, meu caro Pastor, que V. Exa.
saia desta Casa sabendo que não plantou em terra estéril, que aqui o plantio
será fértil e haverá de surgir a colheita. Com a bênção de Deus, essa colheita
há de ser positiva para o bem da comunidade, para o bem da sociedade, para o
benefício daqueles mais carentes que mais precisam do Poder Público e da
assistência social. Sobretudo, haverá de ser um passo a mais nessa luta
permanente para a melhoria da qualidade de vida da boa gente da nossa Cidade.
Muito obrigado pela contribuição!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente, Dr. Thiago; prezado Sady, é um prazer recebê-lo
novamente aqui nesta Casa. Venho, em nome da minha Bancada, a do Partido dos
Trabalhadores, solidarizar-me com o senhor, que é um construtor de uma
sociedade de paz, na luta sempre contra a intolerância religiosa. Quero dizer
que esta Casa, por uma iniciativa que tivemos, tem uma lei municipal
instituindo o dia 21 de janeiro como o Dia Municipal de Combate à Intolerância
Religiosa. E, num segundo, quero cumprimentá-lo pelas preocupações sociais. É
verdade o que o senhor fala, que Porto Alegre precisa se reestruturar, precisa
pensar; eu sou daqueles que entende que o transporte público, a mobilidade
urbana é um dos principais problemas que nós temos. E temos que ter um plano de
mobilidade urbana e transporte público que contemple o ônibus, que contemple o
trem, que contemple o transporte hidroviário, que contemple a bicicleta, que
contemple os pedestres, nós não podemos mais botar mais carro no Centro, nós
temos que tirar carros do Centro.
Quanto à Saúde, que o senhor falou, nem vou falar,
porque o Secretário Municipal está devendo muito para a Cidade. E nós sabemos
as debilidades que encontramos nos postos de saúde hoje. Um grande abraço e
muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Dr. Thiago): Obrigado, Ver. Comassetto.
O Ver. Clàudio Janta está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Boa-tarde, Sr. Presidente; Secretário, Ver. Carlos Nedel; Pastor Sady,
sobre a questão que o senhor falou aqui, de transporte, de mobilidade, nós
estamos de pleno acordo: quanto mais acesso ao metrô, ao trem-bala, que una o
nosso Estado ao restante do Brasil e Mercosul, é de extrema importância isso.
O que mais me traz a esta tribuna para falar é
quando o senhor fala no que a Saúde da nossa Cidade está precisando. É bom a
gente saber que o povo está vendo que a nossa Saúde está na UTI, o povo está
vendo que as coisas estão acontecendo, que são atendidos por técnicos de
enfermagem, que dizem o que a pessoa tem ou não tem, não menosprezando a função
do técnico de enfermagem, mas são pessoas que não têm essa obrigação; quem tem
que dar o laudo é o médico.
Além disso, a nossa Cidade, na questão ortopédica,
está criando uma fábrica de pessoas aleijadas, que necessitam de
acessibilidade, porque as cirurgias para as pessoas que sofrem acidentes e
precisam de ortopedia estão estagnadas; ninguém faz cirurgia, temos relatos
nesta semana de pessoas que estão com a inscrição nº 50 e, até agora, não foram
chamadas. Isso já faz um ano e meio ou dois anos. E, principalmente, o Programa
de Saúde da Família, que é um Programa que tem verba federal destinada para
isso. E mais de 30% dos Programas de Saúde da Família do nosso Município não
têm médicos acompanhando.
Então, a nossa Saúde está na UTI, a nossa Saúde tem
de ser vista com outros olhos pelo Município de Porto Alegre. E V. Exa., quando
vem na tribuna e fala isso, está representando uma parcela significativa da
sociedade da nossa Cidade.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Dr. Thiago): Sr. Sady, quero dizer, em nome da Mesa desta Casa, que o senhor tem toda
a caixa da ressonância nesta Casa para essas demandas. E, realmente, como foi
dito aqui pelos Vereadores, uma das questões que mais nos preocupa – e a este
Vereador em particular – é a questão da Saúde, em função das dificuldades que
nós temos visto, do atendimento e do acesso às pessoas ao serviço. É muito
importante quando o senhor vem até esta Casa e, nominalmente, coloca também
essas dificuldades - tem uma significação muito importante para todos nós.
Queremos deixar essa porta aberta para que,
efetivamente, a todo o momento, a sociedade tenha aqui – como o senhor fez aqui
simbolicamente – o seu espaço de reivindicação, o seu espaço de colocações, o
seu espaço de construção para que possamos ter políticas públicas,
principalmente na área da Saúde, melhores do que as que estão colocadas.
As suas palavras de despedida, Sr. Sady, por favor.
O SR. SADY
SEVERO MARTINS: Eu quero agradecer a compreensão dos nobres Vereadores,
que concordaram com o que falamos, e pela consideração dos senhores e senhoras,
sobre o que colocamos aqui em pauta, para que seja revista essa parte que é
muito importante para nós.
Eu gostaria de reiterar a respeito do trem, desse
que está em frente à Câmara de Vereadores; se ele fosse do Porto até o
Aeroporto, com paradas para carga e descarga, também seria muito importante que
isso fosse revisto. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Obrigado, Sr. Sady.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h39min.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 14h40min): Estão reabertos os trabalhos.
Algum Vereador deseja fazer alguma Comunicação de
Líder?
O SR. ENGº
COMASSETO: Só quero um esclarecimento para poder responder à sua pergunta: nós
temos previsto um debate, agora, sobre o Conduto Forçado Álvaro Chaves. Isso
está garantido?
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Isso está garantido.
O SR. ENGº
COMASSETO: Estamos apenas aguardando a presença das autoridades que foram
convidadas para esta Sessão.
O SR. MAURO
PINHEIRO (Requerimento): Presidente, eu gostaria de solicitar a inversão da
ordem dos trabalhos, deixando o Grande Expediente para o final, tendo em vista
que nós temos como assunto o Conduto Forçado Álvaro Chaves.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Mauro
Pinheiro, que solicita a inversão da ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.
Passamos à
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 0615/13 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/13, de autoria do Ver. Bernardino
Vendruscolo, que altera o inc. I do caput
do art. 82 da Lei Complementar nº 7, de 7 de dezembro de 1973 – que
institui e disciplina os tributos de competência do Município –, e alterações
posteriores, estendendo até o 6º (sexto) dia útil de janeiro do ano da
competência o prazo para pagamento de impostos e taxa com redução de 20% (vinte
por cento). Com Emenda nº 01.
PROC.
Nº 0954/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 077/13, de autoria do Ver. Clàudio Janta, que
altera a ementa, o caput e o § 2º do
art. 1º e o caput, os incs. I e III,
als. a e b, e os §§ 2º e 3º do art. 2º da Lei nº 10.836, de 11 de fevereiro
de 2010, estendendo ao secretário de diligências do Ministério Público a
permissão para livre estacionamento e parada de seu veículo particular.
PROC.
Nº 1167/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 098/13, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Estação Dom Bosco, nos dois lados da Avenida, a estação de embarque e
desembarque de passageiros do transporte coletivo urbano, localizada na Avenida
Assis Brasil, nas proximidades do número 387, no Bairro São João.
PROC.
Nº 1168/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 099/13, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que
denomina Estação São João, nos dois lados da Avenida, a estação de embarque e
desembarque de passageiros do transporte coletivo urbano, localizada na Avenida
Benjamin Constant, nas proximidades do número 97, no Bairro São João.
PROC.
Nº 1214/13 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 015/13, que autoriza o Executivo Municipal a
desafetar e doar ao Departamento Municipal de Habitação (Demhab) próprio municipal
situado no Jardim Bento Gonçalves, nesta Capital.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 2579/12 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 188/12, de autoria do Ver. Dr. Thiago, que
concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Roberto Bandeira Pereira.
PROC.
Nº 0586/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 028/13, de autoria do Ver. Tarciso Flecha Negra,
que declara de utilidade pública a Associação dos Moradores das Vilas Elizabeth
e Parque – AMVEP.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Reginaldo Pujol, nosso decano, está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Presidente, Dr. Thiago; Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores, a Pauta apresenta hoje, para discussão preliminar, dois processos
que, hoje, transcorrem o segundo dia de Pauta, um dos quais eu me referi na
Sessão de ontem, meu caro Presidente, que é exatamente o Projeto de sua autoria
que concede o Título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Roberto Bandeira
Pereira, e o outro, também não menos importante, de autoria do Ver. Tarciso
Flecha Negra, ambos no comando dos trabalhos desta tarde. O Ver. Tarciso propõe
a declaração de utilidade pública à Associação dos Moradores das Vilas
Elizabeth e Parque, a chancela oficial, o carimbo oficial, porque há,
especialmente na Zona Norte de Porto Alegre - do Sarandi, da Vila Elizabeth, da
Vila Leão, da Vila do Respeito, enfim, em toda aquela região -, o
reconhecimento explícito da importância dessa Associação.
Mas, no dia de hoje, Sr. Presidente, pela primeira
vez, estão na Pauta alguns Projetos cuja relevância é discutível. O primeiro
deles é do Ver. Bernardino Vendruscolo e é o prosseguimento de uma luta
permanente do ilustre Vice-Presidente da Casa no que diz respeito ao pagamento
dos tributos municipais. Esse Projeto já foi amplamente discutido na Casa e voltará
à discussão, com certeza; é aquele que estende, até o sexto dia útil de janeiro
do ano da competência, o prazo para o pagamento de impostos e taxas com redução
de 20%. Este Projeto já foi objeto de inúmeras discussões aqui na Casa,
votações, encaminhamentos, vetos, enfim. É uma luta antiga do Ver. Bernardino
Vendruscolo e certamente, mais uma vez, vai ensejar esse clima de debate que
tem caracterizado o acompanhamento deste Projeto. Eu, pessoalmente, vou tomar a
iniciativa de ver se, dialogando com todas as partes, a gente encontra uma
fórmula, Vereador-Líder do PMDB, Idenir Cecchim, de terminar com este Projeto,
num sentido ou noutro. Não dá para, todos os anos, votarmos essa mesma
proposição, termos a mesma discussão, Ver. Guilherme Socias Villela, V. Exa.
que, como Prefeito de Porto Alegre, convive com esse assunto há mais tempo e,
se não me engano, foi o primeiro Prefeito a propor essa possibilidade do
pagamento em taxa única com antecipação e redução. O tema é relevante? É por
demais relevante, diz respeito a todos os contribuintes de Porto Alegre que têm
propriedade imobiliária, uma propriedade ou, em alguns casos, mais do que uma,
e não só os proprietários, porque também os locatários de imóveis residenciais
e comerciais, na sua grande maioria, são, por contrato, responsabilizados pelo
pagamento do tributo.
Então, diríamos, é um Projeto de uma capilaridade
muito grande e de uma abrangência extraordinária que há de merecer o melhor
debate nesta Casa. Eu quero ter a prerrogativa de coordenar esse debate e de
endereçá-lo para resultados conclusivos e exequíveis, de tal sorte que a gente
não viva do problema e não morra com a solução, porque eu não tenho condições
de ir à Fazenda sempre debater o mesmo assunto e ter as mesmas dificuldades que
tenho sentido. Vamos tentar equacionar o modus
vivendi, numa integração de esforços, e que se dê vazão ao espírito e à
batalha tenaz do Ver. Bernardino Vendruscolo, levando em consideração as
alegações da municipalidade. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Waldir Canal assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Waldir
Canal, no exercício da Presidência, quero hoje fazer uma discussão de Pauta
sobre Projetos de meus colegas Vereadores e sobre um Projeto do Executivo
Municipal.
O Executivo Municipal, colegas Vereadores, envia o
PLE nº 015/13, que autoriza o Executivo Municipal a desafetar e doar ao Departamento
Municipal de Habitação um próprio municipal situado no Jardim Bento Gonçalves,
nesta Capital. Nós temos feito um debate que não se iniciou hoje nesta Casa, e,
cada vez que vem um Projeto como este, não podemos perder a oportunidade de
trazê-lo aqui, caros Vereadores da CUTHAB - Clàudio Janta; Delegado Cleiton,
como Presidente; Pedro Ruas; Cassio Trogildo e Roni, que agora faz parte da
CUTHAB. Nós recebemos, toda semana, comunidades que vêm à busca de habitação ou
de regularização fundiária, e, cada vez que vem um Projeto como este, nós
cobramos do Executivo um programa municipal de regularização fundiária e um
programa municipal da Habitação de Interesse Social, porque o Município tem um
conjunto imenso de áreas, Ver. Cleiton, e o que é feito dessas áreas públicas
municipais? Nós certamente receberemos áreas que o Município está propondo
vender, e nós defendemos, desde o início, que essas áreas do Município sejam
destinadas para um projeto de Habitação de Interesse Social; que se crie um
banco de terras no Município de Porto Alegre para se analisar; que o DEMHAB
possa receber essas áreas e aproveitar o recurso do Governo Federal que existe
para fazer Habitação de Interesse Social, porque foram poucos os Projetos que o
Município de Porto Alegre fez. Porto Alegre é uma das últimas Capitais
brasileiras em desempenho na construção do Programa Minha Casa, Minha Vida, por
quê? Porque não tem uma política que seja forte, dirigida para Habitação de
Interesse Social; porque o Município de Porto Alegre não regulamentou o
Estatuto da Cidade. Se nós pegarmos o Estatuto da Cidade e falarmos do IPTU
progressivo no tempo, na revitalização do Centro Histórico da Cidade, na
regularização fundiária e mesmo em um banco de terras, não tem proposta e não
tem projeto. Tenho opinião favorável a este Projeto, mas ele é muito pequeno
diante do problema que nós temos. Desafetar uma área do Município para o
DEMHAB? Não! Nós queremos ter um banco de terras do Município que trate de
todas as terras do Município; que nós possamos ver os grandes devedores do IPTU
e destinar essas áreas para habitação na Cidade; que o Município não precise
estar comprando terras de terceiros sem ter recursos; e que os recursos sejam
investidos na Saúde e nas outras áreas. E, por último, eu quero dizer o
seguinte: que a nova equipe da regularização fundiária que foi montada até
agora não disse por que veio. Nós aguardamos que a regularização fundiária da
Cidade apresente um projeto de regularização fundiária, porque nós temos, em
Porto Alegre, mais de 70 famílias que estão em cima de áreas públicas do
Município, e, desde 2001, o Estatuto da Cidade já permite que essas áreas sejam
regularizadas. Hoje há recurso na Caixa Econômica Federal para que essas
famílias façam o saneamento básico, façam a reforma, e elas estão impedidas
porque a Prefeitura não apresenta esse programa e não faz essa regularização
das áreas públicas municipais. Eu poderia citar aqui o Campo da Tuca, a Bom
Jesus, tudo isso é área pública municipal. Então eu venho aqui, através deste Projeto,
propor esse debate. Um grande abraço e muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Alceu Brasinha solicita continuidade da sua
Licença para Tratamento de Saúde no período de 25 a 30 de abril de 2013.
O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. CLÀUDIO
JANTA: Sr. Presidente, Ver. Waldir Canal; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores
desta Casa, nós protocolamos o PLL nº 077/13, a pedido do Sindicato dos
Trabalhadores e Dirigentes do Ministério Público, e também por entender que
este Projeto ajuda na questão que nós estamos encaminhando nesta Casa, sobre as
isenções no transporte em Porto Alegre. Pela lei, as isenções do nosso
Município são para os oficiais de justiça, os agentes de diligências do
Ministério Público, os funcionários dos Correios e Telégrafos. É uma isenção no
transporte que não leva em conta o critério de renda, não leva em conta o
critério de necessidade. Hoje, essa possibilidade de estacionamento livre na
parada de veículos particulares já ocorre para os oficiais de justiça, e os
oficiais de diligências do Ministério Público que são, na verdade, os oficiais
de justiça do Ministério Público. Então, é mais uma forma que nós vimos de
ajudar a diminuir o valor da passagem de Porto Alegre, é mais uma forma para
que os trabalhadores não paguem uma passagem cara, para que os trabalhadores
não sejam os financiadores da isenção do transporte em Porto Alegre. A isenção
é necessária, mas desde que respeite a renda das famílias.
A isenção foi criada para dar condições iguais às
pessoas que menos podem, para facilitar a vida das pessoas que não têm acesso a
várias coisas, que não têm acesso à cultura, que não têm acesso ao
entretenimento, e que não têm acesso ao transporte, seja para buscar um
emprego, seja para o lazer, e que o transporte traga dignidade para essas
pessoas que dele necessitam, respeitando o direito constitucional de ir e vir.
Então, não podemos ver os trabalhadores pagar essas isenções, não podemos ver
os trabalhadores sendo onerados por essas isenções, já que vários ganham mal e
parcamente para o seu sustento, para o sustento de sua família. Por isso
protocolamos este Projeto que prevê que uma categoria também seja beneficiada
pelas isenções, assim como os oficiais de justiça são beneficiados. Essa
isenção tem que ser discutida por esta Casa, este Projeto tem que estar na
agenda desta Casa, tem que ser discutido por todos os 36 representantes da
sociedade.
No mesmo sentido, temos a questão do passe livre,
pois, na realidade, quem paga essa passagem do passe, que é livre, que serve
para que as pessoas busquem um entretenimento, essas mesmas pessoas que muitas
vezes sequer têm acesso ao ônibus. Então, protocolamos este PLL nº 077/13,
pedindo aos secretários de diligência do Ministério Público tratamento igual ao
que têm os oficiais de justiça. Com força e fé seguiremos lutando pelo direito
dos trabalhadores e para melhorar a nossa Cidade.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Idenir Cecchim
está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente,
Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, chamou-me a atenção aqui um dos Projetos que
também chamou a atenção do Ver. Comassetto, que autoriza o Executivo Municipal
a desafetar e doar ao DEMHAB um próprio Municipal situado no Jardim Bento
Gonçalves.
Dizia o Ver.
Comassetto que Porto Alegre é um dos lugares onde menos se desenvolve a
construção de moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida. Ali mesmo, na Av.
Bento Gonçalves, onde estão construindo um grande conjunto residencial, a
empresa está falindo porque a Caixa Econômica Federal simplesmente faz as
empresas quebrarem. Aqueles burocratas da Caixa acham que é possível construir
em Porto Alegre, ou em qualquer cidade brasileira, com um valor menor do que o
custo do material de construção. Então não é de graça que o Projeto Minha Casa,
Minha Vida não anda, porque ele é malfinanciado. As empresas simplesmente não
querem construir, e aquelas que se aventuraram ou pensaram que poderiam fazer
os projetos estão quebrando. Há no bairro Lomba do Pinheiro um conjunto
residencial parado, porque a Caixa precisou intervir. Na Av. Bento Gonçalves, a
empresa de um dos maiores conjuntos residenciais está quebrada porque a Caixa
asfixiou. Como que asfixia? Por que ela quer que quebre? Não, não é por isso,
mas é porque ela quer entregar apartamento que, no início do projeto, custava
R$ 37 mil, e que, hoje, pelos novos contratos, está por R$ 62 mil, não cobrindo
os custos dessa diferença para quem já começou a obra. No início do Programa
Minha Casa, Minha Vida, o pedreiro, o servente, o azulejista, o pintor,
custavam um “x”, e agora custam “x” mais 50%. Que bom para quem trabalha no setor da
construção civil, Ver. Clàudio Janta, que bom! Os funcionários estão recebendo
mais, mas a Caixa Federal precisa entender que a construtora, hoje, tem que
pagar mais. E nós queremos que pague mesmo, até a construtora quer pagar para
qualificar. O Sindicato da Construção Civil faz cursos de qualificação para as
pessoas. Hoje, nós temos mulheres fazendo trabalhos excepcionais na construção
civil, com qualidade, com cuidado, com muito esmero. Mas precisam ser bem pagos
esses profissionais, eles têm que ser bem pagos. Só que a Caixa demorou, dois,
três, quatro anos para reconhecer que não estava pagando isso. E o que
aconteceu? Um monte de empresas quebrando, literalmente falindo, porque a Caixa
Federal asfixiou essas empresas. E não adianta encher o DEMHAB de terrenos, se
não dão condições para que o DEMHAB faça essas obras. Não é o DEMHAB o culpado
por não fazer obras, é que não tem interesse de quem constrói, e, pelo jeito,
também a Caixa tem pouco interesse, porque, se ela continuar asfixiando quem
sabe construir, ela não vai permitir que se construam mais casas para quem
precisa. E nós precisamos de muitas residências em Porto Alegre. Tem muitos
programas bem encaminhados, tem muitos projetos necessários, mas a Caixa
Federal precisa, primeiro, ter um pouquinho mais de agilidade na aprovação dos
projetos; segundo, ter a sensibilidade do custo, saber quanto custa o metro
quadrado e saber que ninguém constrói com prejuízo. Isto é o elementar, é o
mínimo que a Caixa Federal e o Programa Minha Casa, Minha Vida têm que
entender: para se ter construção, precisa-se pagar para construir, pagar bem,
pagar o que é justo, o que é necessário para que os trabalhadores ganhem bem e
para que quem precise morar receba um apartamento bem construído a um valor
justo. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra para
discutir a Pauta, por cedência de tempo da Ver.ª Lourdes Sprenger.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Ver. Comassetto, eu agradeço o seu intento em cassar a minha palavra,
que, infelizmente para o senhor, não foi exitoso. Eu uso o tempo da Ver.ª
Lourdes, minha companheira de Partido, e cumprimento os Srs. Vereadores. Ver.
Alberto, Ver. Mauro, o próprio Ver. Comassetto, meus cumprimentos. E
Vereador-Presidente, muito obrigado.
(Aparte antirregimental do Ver. Engº Comassetto.)
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Eu gostaria que o senhor falasse aqui ao microfone isso que o senhor
disse, exatamente com as suas palavras, por favor.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Ver. Valter Nagelstein, o senhor não está inscrito em Pauta e eu fui cobrar
do Presidente que cumpra o Regimento, já que não há cedência no período de
Pauta. Eu disse que o senhor não é o corregedor desta Casa, que não tem moral
para me censurar, só porque eu quero que seja cumprido o Regimento. Eu peço ao
Presidente para que leia quais os nomes que estão inscritos, pois o senhor não
está inscrito em Pauta. E o Regimento é para todos!
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): Se o senhor puder ouvir, nós iremos esclarecer a
sua dúvida, que já foi esclarecida aqui, mas o senhor preferiu usar o microfone
de apartes. A última vaga das inscrições era da Ver.ª Lourdes, que desistiu, e
o Ver. Valter solicitou inscrição para o lugar dela, não há nenhuma
irregularidade. Portanto, Vereador, prossiga da tribuna.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Muito obrigado, Sr. Presidente, eu acho que não há nenhuma
irregularidade, não há dúvida alguma, eu o cumprimento pela condução, mas acho
que é uma infelicidade, Ver. Cecchim, Ver.ª Lourdes, primeiro, de querer, de
alguma forma, Ver. Pujol, cercear aquilo que é direito sagrado de cada um de
nós, concedido pelo povo, que é o mandato e a característica do mandato, Ver.
Cassio, que é o parlatório, que é poder falar; e, segundo, pelo adjetivo
utilizado, o que é lamentável. Porque eu não teço considerações a respeito da
moral de Vossa Excelência. Não o conheço dessa forma para que teça opinião,
portanto, é leviano da parte de V. Exa. dizer que eu não tenho moral para falar
sobre qualquer assunto aqui na Casa. Então, fica registrada esta questão: eu
não aceito, não admito e acho que não faz parte do decoro e nem da nossa
convivência um Vereador dizer para outro que ele não tem moral para falar sobre
um determinado assunto. Inclusive, acho que isso é muito grave, Ver.
Comassetto, e V. Exa. deveria saber mensurar mais as palavras, na medida em que
é Líder da sua Bancada.
Srs. Vereadores, eu quero, primeiro, cumprimentar o Vereador-Presidente Dr. Thiago, que concede o Título de Cidadão Porto-Alegrense – é a 2ª Sessão de discussão – ao Dr. Roberto Bandeira Pereira. A saber, o Dr. Roberto Pereira Bandeira é ex-Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do RS, que, a partir da Constituição de 1988, ganha novos poderes. É saudável ao regime constitucional a aquisição desses poderes por parte dessa Instituição, da qual foi Procurador-Geral de Justiça, Chefe do Ministério Público. Antes de 1988, o Ministério Público trabalhava, Ver.ª Cony, nas questões penais, nas questões de acompanhamento de incapazes. A partir de 1988, ganha uma série de novas atribuições naquilo que nós convencionamos chamar de direitos difusos. Então, entra a questão ambiental, por exemplo, a questão de ordem urbanística e essas tantas promotorias que foram surgindo a partir do marco constitucional de 1988. E aí surgem alguns conflitos: um dos mais evidentes é o que está instaurado, hoje, na República brasileira, em uma espécie de embate e luta de forças entre a polícia – especialmente os Delegados de Polícia – e o Ministério Público, naquilo que nós hoje temos visto na questão investigatória do Ministério Público. Várias autoridades do Brasil, inclusive judiciárias, têm dito que é saudável à democracia brasileira o poder de investigação do Ministério Público, e eu me perfilo a essa posição. O que, às vezes, nós não aceitamos é o intento de alguns agentes ministeriais - e aí não vai nenhuma crítica, muito antes pelo contrário, à proposição do Ver. Dr. Thiago e a homenagem, que eu acho que é justíssima, ao Dr. Roberto Bandeira Pereira. Precisamos forçosamente fazer uma reflexão, Sr. Presidente, a respeito exatamente do exacerbamento das atribuições de alguns agentes ministeriais que, obviamente, como todos os homens e mulheres são passíveis de falhas e são tentados, muitas vezes, a irem além de suas atribuições e de suas responsabilidades, entrando, muitas vezes, na ceara que deveria ser privativa do legislador ou do Executivo; daquele, Ver. Villela, que detém o mandato outorgado pelo povo. E aí é que está a diferença: o Ministério Público é o fiscal da lei, é verdade, assim como a advocacia é o local sagrado da defesa dos interesses individuais. Nós não podemos retirar isso da advocacia. A advocacia, Ver. Pujol, é o bastião da defesa do interesse do indivíduo. O Ministério Público é o bastião da defesa do interesse da lei, mas, muitas vezes, à frente dele está um homem ou uma mulher que dá a sua interpretação, que é passível de falhas, e que pode, muitas vezes, extrapolar. Essa é a consciência que nós precisamos ter. No nosso regime de pesos e contrapesos, cada um tem o seu papel. No caso do licenciamento ambiental da Av. Edvaldo Pereira Paiva, o que cabe a um promotor ambiental é dizer o seguinte – aqui está o processo de licenciamento ambiental, Ver. Janta: “O processo de licenciamento obedeceu ao seu rito? Tem o parecer de um biólogo? Tem a manifestação de um engenheiro ou de qualquer outro técnico? Foram cumpridas todas as formas de procedimento para o licenciamento ambiental? Pois bem, então, está licenciado o empreendimento, e nós vamos fazer”.
Quando ele entra no mérito de dizer que o Executivo
pode ou não fazer uma determinada avenida, ele está indo além da sua capacidade
legal, constitucional! Porque isso só pode aquele que foi eleito! Essa
faculdade é o voto que dá ao Chefe do Executivo, não ao representante do
Ministério Público, que tem a legitimidade exatamente dentro desses limites!
Portanto, eu acho que é oportuna a homenagem ao Dr. Roberto, mas ela serve,
também, para essa reflexão, que é impossível ser encerrada em meia dúzia de
minutos, mas que nós, como Legisladores, precisamos fazer, inclusive dialogando
com o próprio Ministério Público. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Waldir Canal): Encerrada a discussão da Pauta.
(O Ver. João Carlos Nedel assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passamos ao
período temático de
Hoje, este período é
destinado a tratar sobre fatos que ocorreram recentemente envolvendo o Conduto
Forçado Álvaro Chaves.
Convidamos para
compor a Mesa: o Sr. Tarso Boelter, Diretor-Geral do Departamento de Esgotos
Pluviais de Porto Alegre, o DEP; a Sra. Denise Cantarutti, Diretora-Geral
Adjunta do DEP; o Sr. Paulo Deni Farias, 1º Vice-Presidente do CREA, Engenheiro
Mecânico e Engenheiro de Segurança do Trabalho; o Engº Artur Lorentz, Vice-Presidente
da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul; o Sr. André Luiz Lopes da
Silveira, Diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bem-vindos!
O nosso tema
específico é sobre os fatos que ocorreram recentemente envolvendo o Conduto
Forçado Álvaro Chaves.
O Sr. Tarso Boelter,
Diretor-Geral do DEP, está com a palavra.
O SR. TARSO BOELTER: Boa-tarde a todos;
Sr. Presidente, Vereadores, Vereadoras, quero dar um breve histórico do Conduto
Forçado Álvaro Chaves. Trata-se da maior obra de drenagem da história de Porto
Alegre. Alcança nove bairros, 35 ruas, numa extensão de 16 quilômetros,
aproximadamente. É uma obra que teve acompanhamento e fiscalização in loco do BID, do Tribunal de Contas,
da EPTC, da SMOV, do DMAE, do próprio DEP e das empresas envolvidas. Não foi
apenas uma fiscalização formal, foi também presencial através de engenheiros e
técnicos desses órgãos.
Eu assumi o DEP no
dia 1º de janeiro deste ano e, em menos de dois meses, no dia 20 de fevereiro,
enfrentamos uma chuva de recorrência de 96 anos em Porto Alegre. Com isso,
tivemos o episódio do rompimento do Conduto. Minha principal missão, como atual
gestor do DEP, é, primeiro, dar total transparência para os órgãos de controle
e fiscalização externos e internos da Administração Pública, mais
especificamente inspecionar e consertar a obra. Por isso estou aqui na Câmara
Municipal de Vereadores, que também esteve envolvida durante todo esse processo, desde lá atrás, para prestar os esclarecimentos necessários sobre as
medidas que nós tomamos nesse período.
Saúdo a Câmara por
cumprir esse papel, e resolver a situação, pois é uma preocupação prioritária
do Prefeito Fortunati, já afirmada em diversas oportunidades.
A primeira ação nossa
foi ir ao local, acompanhado pelo Prefeito Fortunati e pelos técnicos, para
verificar presencialmente o que estava acontecendo, reconhecendo a gravidade do
problema. Em seguida, solicitamos ao CREA uma inspeção e um parecer técnico
sobre o trecho danificado. Recebido esse parecer, nomeamos uma comissão técnica
para tratar do assunto no DEP, envolvendo engenheiros de diversas expertises. Feito isso, acionamos o
consórcio responsável pela obra para assumir sua tarefa no conserto, uma vez
que a obra ainda está em garantia.
Detalhe importante:
essas comissões, tanto do DEP quanto do consórcio, já possuem um gestor
responsável específico para o projeto e execução do conserto. Estamos cumprindo
uma norma nova da ABNT, lançada em 2012, que determina a nomeação de um gestor
específico.
Sobre a situação
atual, o consórcio fez intervenções e um conserto provisório para liberar a rua
para o trânsito. O consórcio já apresentou um projeto para um conserto
definitivo. Esse projeto foi aprovado pela equipe técnica do DEP, e será feito
esse conserto.
Paralelo a isso,
seguindo a sugestão do CREA, estamos prospectando a contratação de uma empresa
de notório saber para fazer uma inspeção minuciosa em todo o trecho do Conduto.
Estamos garantindo
total transparência aos órgãos de controle e fiscalização para apuração de
eventual responsabilidade.
Portanto, desde o
início, minha principal tarefa como atual gestor é consertar o problema, inspecionar
tecnicamente o resto da obra e dar total transparência para os órgãos internos
e externos de controle. Era isso, Ver. Nedel.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Sr. Paulo Deni Farias, Engenheiro Mecânico e
Engenheiro de Segurança no Trabalho, 1º Vice-Presidente do CREA, está com a
palavra.
O SR. PAULO
DENI FARIAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) O nosso Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do
Estado do Rio Grande do Sul, após o incidente no Conduto Forçado Álvaro Chaves,
na altura da Rua Cel. Bordini, foi procurado pelo Sr. Prefeito José Fortunati,
na pessoa do nosso Presidente, para elaborar um parecer técnico sobre aquele
trecho onde houve a ruptura, onde os senhores sabem que o asfalto cedeu por
toda a questão hidráulica daquela chuva naquele momento. O CREA tem por missão
institucional a proteção da sociedade, pela Lei nº 5.194/66, de fiscalização do
exercício profissional para garantir à sociedade que todo serviço de engenharia
e de agronomia, de todas as profissões que estão no sistema Confea/CREA sejam
executadas por profissionais registrados no Conselho. Montamos uma comissão
técnica, formada pela Engenheira Civil Nanci
Benigni Giugno
– Coordenadora Adjunta; pelo Engenheiro André Luiz Lopes da Silveira,
aqui presente – Coordenador do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS;
pelo Engenheiro Civil Fábio Luís Alminhana –
Gerente do Departamento de Engenharia e Edificações da Cientec, especialista em
patologias do concreto; pelo Engenheiro Civil Ronaldo Bastos Duarte, PhD e
Consultor Técnico da Empresa Brasileira de Perícias e Avaliações; pelo
Engenheiro Civil Emídio Marques Ferreira, ex-Professor da PUC, da ULBRA e da
UPF, Consultor na área de solos, pavimentações e conselheiro do CREA/RS; pelo
Engenheiro Civil, decano da Hidráulica, Eurico Trindade Neves, que aos 94 anos
colaborou conosco neste trabalho, ex-Professor de Hidráulica, Mecânica dos
Fluidos e Máquinas Hidráulicas da UFRGS, ex-Professor da PUCRS; e pelo
Engenheiro Civil Rogério Dornelles Maestri, Mestre em Recursos Hídricos,
Professor Adjunto da UFRGS. Trabalhou-se intensivamente nesse Parecer, fizemos
uma visita ao trecho onde houve o incidente, na companhia dos técnicos do DEP,
do Dr. Alexandre, Diretor de Obras do DEP, e Dr. Tarso, Diretor-Geral do DEP,
para avaliarmos as condições daquele local, e ainda o DEP nos colocou toda a
documentação da obra a qual foi avaliada pela Comissão. A partir daí se
elaborou um Parecer Técnico - que não daria para apresentarmos aqui, pois são
2h de apresentação -, do qual apresentaremos aqui um resumo, principalmente das
ações propostas em relação à obra e das considerações finais. Com muita
propriedade, acho que quem deve fazer esta apresentação é o meu colega, Eng.º
André Luiz Lopes da Silveira, Diretor do IPH da UFRGS, que foi o Coordenador da
Comissão. Passo a palavra a ele, e depois ficamos todos aqui à disposição dos
senhores para algum questionamento que possamos responder.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Gostaria de registrar a presença do sempre
Vereador Adeli Sell, visitando seus amigos e ex-colegas.
O Sr. Eng.º André Luiz Lopes da Silveira, Diretor
do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, está com a palavra.
O SR. ANDRÉ
LUIZ LOPES DA SILVEIRA: Agradeço o convite de estar aqui presente,
cumprimento o Sr. Presidente da Sessão, Ver. João Carlos Nedel e todos os
componentes da mesa, Vereadores presentes, público em geral. Quando nos deram
essa incumbência através do CREA, nosso mote foi buscar a verdade do ponto de
vista estritamente técnico, sem nenhuma ilação com aspectos pessoais ou políticos, que até podem ser legítimos, mas não no âmbito de um
Conselho Regional. Nós analisamos os documentos que nos chegaram às mãos e com
a visita in loco - imagino que houve
um esforço bastante grande do DEP ao nos fornecer os projetos, as fotos
tiradas, toda avaliação do acidente. Com isso quero dizer que nós talvez não
tivéssemos tido acesso a todas as informações, mas foi feito de maneira
honesta, com base naquilo que tínhamos em mãos. As informações as quais tivemos
acesso foram suficientes para se detectar uma série de erros ou inconveniências
na condução desse projeto, desde a sua concepção, passando pelo projeto em si,
o projeto executivo. Observamos também problemas na execução e, no cômputo
geral, observamos um grande problema de gestão, que não foi privilégio desta
obra, mas esse problema ficou transparente porque aconteceu o acidente. Então,
não tiro a responsabilidade do próprio BID ao construir junto com o DEP e com o
GAPLAN uma arquitetura de gestão de um projeto bastante deficiente. Isso no
sentido de que o DEP é um órgão valoroso para a Cidade - talvez as pessoas não
saibam disso -, é um órgão bastante pequeno, com uma dimensão bastante pequena
em relação às tarefas que nós, sociedade, damos ao DEP. Então, começa por aí o
problema. O fato de não ter um gestor, um engenheiro acompanhando o projeto do
início ao fim é contrário a qualquer modernidade em termos de
gestão de projeto. Graças a Deus, nós temos agora uma norma da ABNT que nos
obriga a isso. É preciso seguir as normas do PMI - Project Management
Institute, do qual o Brasil é signatário, para que haja uma responsabilidade do
início ao fim. Uma pessoa que vai cuidar desde o início e vai entregar a obra
com a sua responsabilidade, isso se chama gestor de projeto - isso não houve
nesse projeto. E, se houve, foi à moda antiga; ou seja, vão se diluindo essas
responsabilidades por várias pessoas. Então, essa foi uma lição aprendida, que
já vejo agora na ação do DEP ao constituir um gestor para a correção da obra.
Nós nunca negamos a
importância dessa obra para a drenagem urbana de Porto Alegre. Para quem ler o
Parecer, lá está explicado, em detalhe, que essa obra acabou evoluindo na sua
concepção. E a gente percebeu que na evolução dessa concepção foi criada uma
estrutura hidráulica complexa, em termos de dimensões, ao longo da Rua Cel.
Bordini. Isso não foi acompanhado. Isso é o nosso Parecer; podemos ser
contrariados por outros especialistas, mas é o Parecer do Setor de Hidráulica
do IPH, de que não houve uma precaução em avaliar os possíveis problemas
hidráulicos devido a transientes hidráulicos, que é algo bastante técnico, em
que as pressões dentro do conduto não são simplesmente as pressões de projetos,
mas aquelas que podem advir de uma estrutura com dimensões bastante grandes,
com transições em ângulo reto com algumas deficiências hidráulicas já
detectadas. Então, há problemas possíveis de golpe de aríete, por exemplo, que
podemos até ter em casa isso; problemas de bolsões de ar que podem provocar e
não têm por onde escapar essa pressão. O fato é que se criou no Conduto uma
incerteza hidráulica. Foi usado um modelo hidráulico-hidrodinâmico,
que é competente para avaliar certas coisas, mas não é amplo o suficiente para
que se avaliem todas as possibilidades de funcionamento hidráulico dessa
estrutura. E essa estrutura foi sendo ampliada ao longo do projeto, mudou duas
galerias de 2,5 metros por 2,5 metros; depois, foi aumentada para três galerias
geminadas de 2,5 metros por 2,5 metros; depois, virou uma galeria de 7,5 metros
por 2,5 metros; e lá, perto da Rua Mata Bacelar, foi aumentada essa dimensão
para 5,74 metros. Depois, teve o episódio da mudança de traçado da Rua Marquês
do Pombal, que estendeu também essa estrutura gigantesca para os padrões de
Porto Alegre, e também, na questão de propiciar problemas hidráulicos, teriam
que ser mais bem avaliadas. Ou seja, nós temos 300 metros de uma galeria,
grande parte dela, 200 metros dela com altura de 2,5 metros, com degraus. E mais
a montante, ou seja, acima da Rua Marquês do Pombal, uma estrutura que vai de
5,74 metros até 12,5 metros, sempre com largura de 7,5 metros. Na verdade, da
Rua Marquês do Pombal até a Av. Cristóvão Colombo é 6,25 a largura. Mas o fato
é que essa estrutura é enorme e deveria ter sido avaliada melhor do ponto de
vista hidráulico. Há outros problemas, mas eu não quero me estender aqui até
porque eu não sei o que esta Casa realmente quer detalhar. Mas o fato é que, na
chegada ao Guaíba, uma estrutura aproveitou antigas galerias, o que, do ponto
de vista hidráulico, a gente não compreende como uma escolha, além de o Conduto
diminuir de área, ou diminuir de seção de montante para jusante.
Essa incerteza
hidráulica teve, na sequência, problemas de projeto estrutural; a fragilização
da estrutura com um tamponamento da galeria através de pré-moldados, houve
subdimensionamento da armadura dessa tampa de pré-moldado, e, além disso, na
execução, além de estar fragilizada a armadura, notou-se que mais fragilizada
ainda estava a execução.
Então, tinham muitos
fatores para fazer com que esse Conduto tivesse esse acidente. Vejam bem que eu
não estou enfatizando a chuva. Por que eu não estou enfatizando a chuva? Porque
a chuva, realmente, foi uma chuva extrema. Dependendo da curva de chuva que a
gente analisa, pode ser uma chuva com cem anos de período de retorno, mas o
problema é que esse conduto não tem obrigação, ele foi dimensionado para uma
chuva menor; uma vez que ele recebesse essa chuva menor, o excesso não entraria
no conduto e não provocaria nenhum problema maior. Simplesmente o excesso iria
pelas sarjetas e por outro caminho.
Eu enfatizo aqui que
a nossa conclusão foi, então, de falar em causas sistêmicas, justamente porque
a gente notou que a gestão do projeto... o que não é um problema do DEP, não é
um problema da Prefeitura de Porto Alegre, mas é um problema da nossa cultura
em projetos públicos: tem uma equipe que concebe, outra que faz o projeto,
outra que terceiriza para consultorias fazerem detalhamentos, outra que
executa, outra que fiscaliza, e não há nenhuma ligação através de um CPF, de
uma pessoa, um responsável que coordene as mudanças. Todos os projetos mudam,
então, tem que haver um controle das mudanças e uma comunicação interna
perfeita.
Pelas atas que nós
pudemos observar, a comunicação não foi das melhores entre as equipes de
hidráulica, por exemplo, e a equipe de projeto estrutural. Também o controle
que havia durante a obra mereceria melhor comunicação.
A nossa mensagem como
Comissão do CREA, uma vez que isso aconteceu, não é a de buscar culpados, mas
de ajudar a cidade de Porto Alegre, ajudar o DEP. Eu tenho amigos no DEP, eu
sei que eles não ficaram muito felizes com a conclusão a que nós chegamos, mas
a intenção foi ajudar o DEP. O DEP é um órgão, vamos ser bem claros, nanico
para as responsabilidades que tem: não sei quantos mil quilômetros de redes nós
temos, três mil quilômetros de rede, isso não é brinquedo. Então, precisamos
dar atenção ao DEP ou a todo o sistema de saneamento básico da Cidade, em que o
DEP tem que ser fortalecido.
A gente fez algumas
propostas de ações que já foram até citadas aqui e acolhidas, como, por
exemplo, a realização de inspeção técnica. Nós achamos fundamental isso porque,
pelo projeto, pelas plantas, a gente detectou vários problemas de concepção
hidráulica nas transições e mesmo em algumas galerias, onde teria septos
passando água de um lado para outro. O fato é que, quando a água entra em
pressão dentro de uma galeria, não existe mais o senso comum; existe um outro
domínio, que é o domínio das velocidades elásticas, que atingem algo de 100,
200, 300, 800 metros por segundo. São fenômenos que acontecem em milissegundos,
não são fenômenos que acontecem em minutos. Isso tem que ser convenientemente
avaliado e, para ser bem avaliado, tem que ter um as built, ou seja, como
foi realmente construído.
Sobre a avaliação
hidráulica, eu não sugeri o IPH porque, como participei da comissão, eu não
acho ético que o IPH participe da avaliação hidráulica. Então, a gente sugeriu
que essa avaliação fosse feita por profissionais qualificados até de outros
Estados, a gente até pode sugerir nomes. O conserto definitivo deveria ser
feito apenas após essa análise porque um reforço da área sinistrada não garante
que as pressões subsequentes não estourem como estoura uma panela de pressão, e
aí o efeito vai ser bem pior do que o que houve.
Para o futuro, num
projeto adicional, a gente recomendaria que o Conduto Álvaro Chaves realmente
chegasse de forma direta ao Guaíba. (Mostra imagem.) (Pausa.) Vejam bem, esse
círculo à direita de vocês representa a chegada desse Conduto ao Guaíba. Vejam
que foram aproveitadas galerias transversas, o que não é adequado, isso dá
muito problema, dá muita incerteza hidráulica, dá muita perda de carga. O que a
gente recomendaria é que o Conduto chegasse de forma reta ao Guaíba. Claro que
isso não estava no projeto original, então, representaria um projeto novo,
porque, no que está ali, foram aproveitadas coisas já antigas. Inclusive a
galeria final do Álvaro Chaves é uma galeria velha aproveitada que deveria ser
ampliada ao nosso ver.
Tem uma série de
coisas, mas eu resumiria no seguinte: se nós resolvermos implantar um sistema
de gestão profissional nas nossas obras, colocando os profissionais
qualificados na gestão e, na execução, uma equipe que se comunique, uma equipe
que não exagere nas terceirizações de estudos e consultorias, por exemplo... As
empresas que eventualmente ganhem as licitações têm que ter, nas suas equipes,
esses engenheiros seniores qualificados e não buscar fora, não terceirizar para
uma terceira ou quarta empresa decisões que são fundamentais para o projeto,
até porque esse consultor faz o serviço que lhe é pedido. Agora, a ligação
entre as equipes cabe à empresa vencedora, cabe ao engenheiro sênior, cabe ao
engenheiro do lado da Prefeitura que coordena todo o projeto, do início ao fim.
Eu recomendo, para
quem for interessado, uma leitura detalhada desse Parecer. Nós não nos
consideramos donos da verdade, mas é o que nós pudemos fazer em benefício da
sociedade. Eu me coloco à disposição para qualquer outro esclarecimento adicional.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado.
Concedo a palavra ao Engenheiro Artur Lorentz,
ex-Deputado e Vice-Prefeito de Santa Rosa.
O SR. ARTUR
LORENTZ: Boa-tarde a todos: Ver. Nedel, meu conterrâneo; demais presentes;
integrantes da Mesa; Vereadores. Estou aqui como Engenheiro e Vice-Presidente
da Sociedade de Engenharia, e quero saudar o Ver. Comassetto, proponente desta
audiência. Fazendo uma rápida brincadeira aqui, estou na condição de
Engenheiro, mas, se eu tivesse sido Vereador de Santa Rosa, talvez eu fosse
Deputado, porque sou Suplente de Deputado estadual, Ver.ª Mônica e Ver.
Villela, e fiz uma votação expressiva, 35.600 votos; pelas circunstâncias
legais, acabei não me elegendo Deputado estadual, sou 2º Suplente, e,
certamente, faltou no meu currículo ter sido Vereador. Talvez, nestas alturas,
já fosse Deputado estadual.
Falo na condição de Vice-Presidente da Sociedade de
Engenharia. Na verdade, ela é uma Entidade com mais de 80 anos aqui em Porto
Alegre, entidade estadual que congrega todas as engenharias; portanto, nossos
associados são engenheiros, profissionais liberais e profissionais
representantes de empresas de todas as áreas. Então, nós temos uma articulação
e uma proximidade muito grande com entidades coirmãs, e está aqui o CREA, o
Sinduscon, o SICEPOT, a AGEOS, tantas e tantas entidades da engenharia
agronômica.
Enfim, nós estamos aqui e agradecemos o convite e a
lembrança da nossa Entidade, mas, na ocasião do ocorrido, do sinistro, não
fomos demandados pelo DEP. O DEP demandou, para parecer técnico, o CREA. De
qualquer forma, colocamo-nos à disposição, e recebemos, de parte do CREA, o
parecer que foi aqui colocado pelo Engenheiro do CREA.
E a
nossa Comissão de Saneamento está analisando essa documentação e fará a analise
assim que a receber da AGEOS, que representa as empresas que trabalham com
esgoto e saneamento, e se coloca, Ver. Nedel, à disposição desta Casa e da
comunidade de Porto Alegre para que possa se somar aos esforços de analisar
este fato extremamente complexo da Engenharia. A Matemática é uma ciência
exata, Dr. Villela, mas acho que todos nós sabemos que a Engenharia também é muito
complexa, como foi colocado aqui pelo colega do IPH. Temos desde a área de
projetos até as áreas de fiscalização e de execução. Temos, também, a questão
da mão de obra, de quem executa, temos o material que é colocado na execução,
enfim, há “n” variáveis que, certamente, esses pareceres poderão, com mais
propriedade, colocar.
Então
nos colocamos à disposição desta Casa. A Sociedade de Engenharia entende que o
mais apropriado seria, talvez, neste momento, executar esse conserto
relativamente pequeno, para que não haja um aumento maior por, eventualmente,
uma nova chuva. E, enquanto isso, que se continue esse trabalho de estudos, que
eu acho que está muito bem colocado pelo CREA e, a partir daí, como Sociedade
de Engenharia, nós podemos nos somar a esse estudo, e nos colocamos
absolutamente à disposição dos senhores para colaborar, unindo esses esforços,
como já foi colocado aqui. Obrigado pela atenção de vocês e pela oportunidade.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Artur Lorentz.
Realizadas
as manifestações dos nossos convidados, passamos agora à manifestação dos Srs.
Vereadores e das Sras. Vereadoras.
O Ver. Engº Comassetto está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente, vou cumprimentar a Mesa cumprimentando o CREA e o nosso
Secretário Boelter, para ganhar tempo. Este tema do Conduto Forçado Álvaro
Chaves já gerou um conjunto de controvérsias e inseguranças para a sociedade, e
o nosso objetivo é fazer com que os esclarecimentos venham com a clareza
necessária. Eu também cumprimento o ex-Secretário Clóvis Magalhães, que foi o
coordenador da gestão dos projetos da Prefeitura desta época.
O projeto original, coordenado pelo Ver. Airto
Ferronato, que iniciou em 2001 e veio até o episódio da Rua Marquês do Pombal,
no início de 2005, com a reivindicação da comunidade para rever o traçado, até
aquele momento apresentava um conjunto de envolvidos e responsáveis técnicos
que todos sabemos quem eram: foram as Engenheiras Magda, Lúcia e Daniela; e o
Engenheiro Cisternas, consultor do BID. Isso é público.
A partir desse momento, quando houve a mudança do
projeto, não sabemos mais quem foram os responsáveis e por quê, como e quando.
E aí eu me refiro a um Pedido de Informações que fizemos ao Prefeito Municipal
da época, datado de 2007, que tem um conjunto de 17 itens, que são os mesmos
itens que a Comissão buscou agora nesse inquérito. Esse Pedido de Informações
nunca foi respondido, e aqui já tem um crime de responsabilidade institucional
do Executivo com o Legislativo: se tivessem sido respondidas essas perguntas
naquela época, provavelmente muitas das respostas que buscamos hoje já teríamos
tido em 2007, 2008.
Dito isto e levando em consideração o sentido da
definição de projeto existente no relatório – quero entender que seja um
processo todo, um projeto igual do início dos estudos ao fim quando da
conclusão da obra –, que aponta a falta de um profissional sênior. Se
entendermos um projeto como solução de problemas de engenharia com abordagem
metódica, com o reconhecimento da necessidade de requisitos, de definição do
problema, de geração e análise alternativa e de solução, de definição de
critérios para o cotejo de alternativas, de escolha da melhor alternativa, de
detalhamento e da comunicação da solução, talvez nós não tivéssemos o problema
que hoje estamos debatendo.
Aí, repito, até a elaboração do primeiro projeto,
conhecemos quem eram os responsáveis técnicos e confiamos, tecnicamente, nesses
profissionais; a partir daí, houve uma mudança no projeto. E faço uma primeira
pergunta à Comissão, pois não foi respondida no Relatório. O Conduto Álvaro
Chaves pegava à esquerda, na Rua Marquês do Pombal, porque cortava o Tamandaré;
no momento em que passou reto, ele colidiu com o traçado do Tamandaré. O que
foi feito com o Arroio Tamandaré? Não há respostas para isso até o momento.
Segunda pergunta. Nesse ponto, tenho uma discordância com a fala que foi feita
aqui, no sentido de que não houve responsável; houve, sim. O responsável, se não
foi o engenheiro apontado, é o Diretor do DEP, que se chamava Ernesto Teixeira.
As responsabilidades políticas e técnicas são dessa figura. E nós queremos que
sejam listados todos os engenheiros responsáveis. Está claro, em meus estudos,
que houve uma gestão de fragilidades, pois tivemos a concepção de projetos com
aspectos distintos, sem a figura do gestor de projeto, sem o engenheiro sênior
com o controle do início ao final do projeto e com uma comunicação deficiente.
Concluo dizendo que há um conjunto de questões ainda não respondido.
Sr. Presidente, para concluir, gostaria de fazer
uma correção. Nos estudos, na pág. 42, consta que a chuva de recorrência foi de
40 anos, e o Diretor do DEP falou em 90 anos. Portanto, há uma contradição, e
eu fico com os estudos apresentados.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Caro Presidente, Ver. João Carlos Nedel; senhoras e senhores; ilustres
representantes da nossa Mesa na tarde de hoje, a questão é bastante intensa e
complexa, e não são cinco minutos que nos viabilizam trazer aqui, Ver. Pujol,
todo o contexto que aqui está. É preciso pensar desde a elaboração do projeto,
lá em 2001, 2002. Mas, meu caro Ver. Engº Comassetto, este é um projeto, uma
ideia de proposta que vem de décadas, lá dos tempos da década do extinto DNOS.
Nós temos uma obra, muito bem aqui dita, de 16 mil metros. Repito: 16 mil
metros. E o rompimento se deu em 17 metros. É a primeira observação. A maior
obra de drenagem da história de Porto Alegre, capitaneada por técnicos
experimentados, experientes, competentes, bem formados, treinados; 30 anos de
história na drenagem urbana. Em apenas 16 metros, Ver. Pujol, nós temos, Ver.
Comassetto, que ter um cuidado todo especial, porque a população sabe da
importância dessa obra. Repito: não tenho tempo para dizer aquilo que eu
precisava dizer até com um pouco mais vagar e até mais lucidez. Nestes cinco
minutos, eu vou, primeiro, registrar que a maior obra de drenagem de Porto
Alegre, com 15, 16 mil metros, se rompeu em apenas 17 metros. Não vamos dizer
que essa obra é o fim dos tempos, porque ela é uma obra essencial para Porto
Alegre. Repito: capitaneada pelo DEP.
Por outro lado, o BID - eu não estou aqui para
defender o BID - é o banco que financia e, por seus engenheiros, fiscaliza
obras de todos os portes, tamanhos e tipos para o mundo. Obras para o mundo!
Aqui em Porto Alegre, o Conduto Álvaro Chaves foi apenas uma das mais de dez
grandes obras que o BID fiscalizou, acompanhou e financiou. O BID atua no mundo
inteiro. Precisamos compreender a importância do BID nesse processo também,
dizer que é um valoroso parceiro desse processo. Desde a década de 1970,
trata-se disso; não fomos nós, com o João Verle, meu estimado Prefeito e amigo,
que começamos da estaca zero, que fomos ao DEP, Vereador-Presidente Nedel,
sentamos e elaboramos o projeto: é uma história que vem de longe. Aliás, vem de
tão longe, que o próprio DNOS apresentou e iniciou a obra lá na Rua Álvaro
Chaves. E a ideia de aproveitar a Rua Álvaro Chaves, no nosso sentir e na minha
visão de não engenheiro, foi uma ideia necessária, talvez. Ou nós terminávamos
com a Rua Álvaro Chaves e fazíamos lá uma galeria de 15, 20 metros quadrados,
subterrâneos, ou 10 metros.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Airto Ferronato prossegue a sua
manifestação, a partir deste momento, em Comunicação de Líder.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Ver. Engº Comassetto, até concordo com o nosso ilustre visitante quando
diz da responsabilidade técnica de uma só pessoa, mas isso não se aplicava a
tempos atrás, inclusive naquele momento em que estávamos lá, concordo. Agora, a
questão é a seguinte: tivemos, sim, e V. Exa. mencionou nomes de Engenheiros e
Engenheiras, meus particularíssimos amigos, competentes gestores lá do DEP, e
concordo com quem falou. A Odete e eu dizíamos lá: “Uma formiguinha carregando,
arrasto, um elefante”.
O DEP, desse tamanho, tem prestado serviços
extraordinários à cidade de Porto Alegre. Não seria a gestão do DEP, não seria
o Prefeito Municipal de Porto Alegre, não seria o comandante maior do DEP que
faria uma obra; R$ 59 milhões, a maior obra de drenagem da cidade de Porto
Alegre, que beneficiou 120 mil pessoas. Eu morei por mais de vinte anos no
bairro São Geraldo, Ver.ª Mônica, sei como estava, como se vivia lá a questão
da drenagem e sei que a obra trouxe grandes avanços e melhorias. Portanto, não
seriam, Ver. Villela, o DEP e o Prefeito que deixariam conduzir uma obra, Ver.
Comassetto, de R$ 59 milhões sem engenheiros responsáveis. Existiram
responsáveis competentes durante a concepção do projeto, durante a elaboração
do projeto - e eu estava lá, durante a execução da obra - e nós estávamos aqui.
Vou citar os nomes dos nossos dois engenheiros, para responder ao Comassetto, o
nosso querido Vereador, que foram Responsáveis Técnicos pela obra, durante a
execução, o nosso Engº Leonel Krimberg, meu parceiro, amigo e amigo de todos
nós, e o nosso também os Engenheiros Leonel e Willy Lubianca, falecido. Esses
dois Engenheiros conduziram o processo, Engenheiros com mais de trinta anos de
vivência e experiência na área.
Com relação ao Pedido de Informações, Ver.
Comassetto, eu sei, e nós já havíamos falado, foi um problema de percurso, e
não se respondeu na hora. Agora, nesta semana, V. Exa. estará recebendo mais de
3.000 páginas de informações e documentos. E o Ver. Eng.º Comassetto quer mais.
Daqui a quatro anos, quando terminar o nosso mandato de Vereador, V. Exa. não
se reelegerá se ficar afundado única e exclusivamente lendo pareceres técnicos
que nem eu... V. Exa. entende mais do que eu, porque é Engenheiro, mas não é da
área de drenagem. Agora, é impossível V. Exa. querer mais. Se quiser mais
documentação com relação à resposta do PI, nós estamos dispostos a entregar. Só
nos dê um pequeno tempo, porque 5, 6, 10 mil páginas em papel, claro que isso é
demorado, mas vamos passar a V. Exa.
Estamos no processo. A obra trouxe benefícios para
120 mil porto-alegrenses. Além dessa obra, está relacionada com ela - e foi no
nosso mandato que fizemos, lá no DEP, o projeto, está em execução -, o conduto,
o canal, a macrodrenagem da Av. São Pedro. O que se fez? Tiraram-se as águas lá
de cima pelo Conduto Álvaro Chaves-Goethe, e depois se fizeram novas obras, ali
na Av. São Pedro e adjacências, com macro e microdrenagem. Portanto, estamos,
sim, encaminhando esse processo, dizendo da importância do Parecer do CREA, do
Relatório do CREA no sentido de nos auxiliar nessa jornada. Um abraço a todos,
e estamos às ordens. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Valter Nagelstein está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Ver. João Carlos Nedel, na presidência dos trabalhos; meu caro Tarso
Boelter, Diretor-Geral do Departamento de Esgotos Pluviais de Porto Alegre,
liderança política da nossa Cidade, Presidente do PP, amigo; Denise Cantarutti,
minha companheira, Diretora-Geral Adjunta, nossa correligionária; meu estimado
Paulo Deni Farias, 1º Vice-Presidente do CREA, Engenheiro Mecânico e Engenheiro
de Segurança do Trabalho; meu querido Artur Lorentz - já nos conhecemos há mais
ou menos 20 anos, desde a época da FIERGS, época em que o Lorentz era Diretor,
eu comecei lá como estagiário e, felizmente, fui galgando alguns degraus, mas
convivemos por dez anos, naquela época, de onde trago boas recordações do
trabalho e, exatamente, dessa convivência também; André Luiz Lopes da Silveira,
Diretor e Professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade do
Rio Grande do Sul, que merece todo o nosso respeito e, da mesma forma, tenho
certeza, o sentimento de que é bem-vindo nesta Casa; Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, eu fico muito confortável em falar logo depois do Ver. Airto
Ferronato, meus caros Gil Almeida e Isaac, porque ele foi o Diretor-Geral do
DEP no Governo do Ver. Comassetto, Líder da oposição, e participou da concepção
do projeto. Eu sempre digo que a história é um encadeamento de fatos e cada
capítulo traz homens e mulheres responsáveis por terem inscrito, com a pena de
seus atos, os diversos atos também da história. O Ver. Ferronato participou do
Governo do PT, da Frente Popular, que governou a Cidade por 16 anos e, agora, é
o nosso Líder do Governo aqui. Portanto, ele fica em uma posição de absoluta
imparcialidade para falar dessas questões. A posição que ele está hoje é de
imparcialidade, porque ele dá o testemunho de que era uma obra aspirada pela
Cidade. Nós não vamos nos esquecer - e todos aqui lembram disso - das tragédias
de Porto Alegre - e, felizmente, ali naquele local, Ver. Pujol, nós não tivemos
uma; nós não vamos nos esquecer que, em 1941, as águas do nosso Lago Guaíba
invadiram a Cidade, que as águas subiram até as imediações do que era o antigo
Magazine Guaspari, passaram através da Prefeitura Municipal e do Mercado
Público, com prejuízos econômicos enormes para a Cidade aqui na Av. Praia de
Belas e em tantas outra regiões da Cidade. Por força daquilo, uma grande obra
de contenção pluviométrica, que é o Muro da Mauá.... Aliás, o Muro é parte
disso, porque começa, lá perto da FIERGS, um dique, que segue por aqui, na Av.
Praia de Belas, onde nós não nos apercebemos, até o Museu Iberê Camargo; há uma
elevação, e essa elevação serve como contenção, como dique. Então, a Cidade
reage a essas questões. Nós não vamos nos esquecer – e alguns não sabem, outros
não vivenciaram isso – de que, lá por 1980, infelizmente, ali, ao lado do Country Club, na Av. Nilo Peçanha - Ver.
Reginaldo Pujol, o senhor lembra? -, uma senhora médica e a sua filha foram
tragadas por aquele arroio que passa pela Av. Nilo Peçanha e, tragicamente,
morreram, afogadas dentro do carro. Então, a Cidade padece, Ver. Mauro
Pinheiro, não é de hoje, com esses problemas, e responde atemporalmente como
todos os Governos têm respondido; respondeu com um projeto que foi feito lá no
Governo do PT, e tece continuidade com o Prefeito Fogaça, que dizia que era
preciso continuar o que estava bom e melhorar o que fosse preciso. E assim
fizemos. Nós demos continuidade a isso, Ver. Clàudio Janta, nós pegamos aquele
projeto e levamos adiante. Executamos uma obra - vocês bem lembram, os senhores
e as senhoras bem lembram, que um cidadão andava de jet ski, e é até bem humorada essa história, ali na Av. Goethe -,
de R$ 59 milhões, ou R$ 60 milhões, como já disseram aqui, das mais importantes
da história de Porto Alegre, num combate a essa questão do escoamento pluvial.
Bom, o que nós verificamos agora? Verificamos, por estudos que eu li - e dizia
o nosso professor que engenheiro não pode ser assim tão absoluto -, que uma
chuva daquela precipitação, como naquele dia em que choveu em meia hora o
equivalente a 20 dias de chuva, chove a cada 93 anos. Então, nós tivemos, sim,
um evento excepcional, isso é fato. Um outro fato é que a obra que custou R$ 59 milhões foi
feita para resistir e não resistiu, isso também é fato. Então, o que cabe ao
Governo, contratante da obra? Fazer as verificações, Ver. Cassio, para saber
por que isso aconteceu, levando em consideração também o fenômeno natural
meteorológico, o tal do golpe de aríete. Eu fui até pesquisar, Ver. Villela,
porque eu me lembrava das catapultas de quando eu fui a Jerusalém e vi que a
cidade, antigamente, havia sido atacada por catapultas, e que lá, em alguns
fossos recuperados, há até aquelas bolas de pedras antigas, então, eu lembro
que tinha lido sobre os aríetes e as catapultas. E, na engenharia hidráulica,
existe esse mesmo princípio, então, poderia ser isso, dado o volume de chuvas.
O nosso professor - e eu tenho muito respeito pelo professor, pela cultura e
pelos livros, acho que o livro encerra a alma da humanidade - diz que poderia
ter sido diferente. Bem, mas eu, como advogado, ao receber em meu escritório um
cliente, posso indicar três ou quatro ações diferentes, remédios jurídicos,
assim como o médico que recebe em seu consultório um paciente com uma
enfermidade pode prescrever um ou outro tratamento, dizendo que pode ser com
pílulas, ou com uma cirurgia. E um engenheiro, da mesma forma, diante de um
mesmo problema, pode oferecer soluções distintas. E aqui me parece que não há
crime, não há sequer nenhum engano. O que há é uma opção. Nós tínhamos opções,
optamos por uma, que era fazer o projeto dessa forma. Agora, o projeto deveria
suportar aquela pressão, mesmo que excepcional; se não suportou, o que nos
cabe, e o que o Governo está fazendo, de forma absolutamente diligente,
Vereadores – especialmente Vereadores da oposição –, é verificar por que isso
não houve, é contratar, como já diligenciou, uma investigação externa, é
acionar a empresa que tem responsabilidade, e, a partir daí, transferir a
responsabilidade política.
E
eu quero dar um cumprimento ao meu querido amigo Clóvis Magalhães, que lá está,
que foi o Secretário-Geral de Governo, uma espécie de Primeiro Ministro. Porque
eu fui Líder do Governo, fui Secretário, e sei da qualidade, da dedicação, do
espírito público do Clóvis.
O
Ernesto Teixeira não pode, Secretário Cassio, ser o responsável técnico, porque
o responsável técnico é o engenheiro que assina a obra! Então, essa é a
responsabilidade técnica, e o que nós buscamos fazer é, primeiro, verificar por que essa obra, em que era
previsto fazer esse enfrentamento histórico, sofreu esse desgaste exatamente
naquele período, naquele espaço, naquela localização. Imediatamente a isso,
buscar as responsabilizações que têm de ser
feitas. Nada, além disso, se pode demandar nem exigir do Poder Público, porque
ele enfrentou o problema, fez a obra e, se ela deu problema, está buscando
responsabilizar aqueles que, de fato, precisam ser responsabilizados.
Nós temos é que
cumprimentar a história de Porto Alegre e a vontade política de seus
governantes que fizeram essa obra que era tão esperada e necessária. E
cumprimentar o Governo que está tomando todas as medidas necessárias para
encontrar e trazer os responsáveis para que reparem aquilo que foi feito; se
foi malfeito, que façam os reforços que são necessários. E que nós tenhamos
essa obra que a Cidade precisa, e com a consciência de que ela é histórica.
Hoje, Ver. Ferronato, nós temos uma obra que dá esse escoamento para uma região
da Cidade que, historicamente - e não era só ali na volta do Parcão, lá em
baixo, no bairro São Geraldo, na Av. Presidente Roosevelt, também alagava -,
ficava toda em baixo d’água, fazendo com que a água entrasse dentro das lojas.
Esse é o ganho, e é isso que precisa ser reconhecido. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Mauro
Pinheiro está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. MAURO PINHEIRO: Sr. Presidente,
Secretário, demais presentes, quero começar dizendo para o Ver. Valter que
realmente o Prefeito Fortunati recebeu uma herança maldita, cheia de problemas
e está tentando as soluções. Concordo com V. Exa., mas não é herança do PT, é
do Governo do PMDB, do Prefeito Fogaça - e recebeu de herança não só o Conduto
Álvaro Chaves, recebeu muitas outras.
Mas todos nós
concordamos que o Conduto é uma obra importante, Ver. Airto Ferronato, assim
como todos nós sabemos da importância do DEP. Mas quero dizer que o grande
problema dessa obra não foi só a elaboração - o que pode ter havido também,
quando V. Exa. era o Diretor do DEP -, mas o trecho que foi modificado, pelo
que vimos, na execução do projeto que, por sinal, era de R$ 42 milhões e passou para
R$ 59 milhões, aumentou em R$ 17 milhões, justamente onde foi modificado.
Talvez esses R$ 17 milhões tenham sido nessa modificação, e foi onde estourou.
E não foi, Ver. Airto Ferronato, pela precipitação da chuva que estourou,
porque, conforme foi explicado aqui pelo engenheiro – e mesmo nós, que somos
leigos, já dizíamos isso quando aconteceu, Ver. Pujol –, se o Conduto estivesse
funcionando como deveria funcionar, ele não estouraria, ele alagaria na sua
entrada. O que aconteceu, então, não foi pela quantidade da chuva, porque senão
ele alagaria. Ele estourou por problemas de execução na obra! E, talvez, um dos
problemas da execução tenha sido como está no relatório do CREA: “O projeto
original previa a execução de uma galeria moldada in loco, na Rua Cel. Bordini, entre a Rua Marquês do Pombal e o
prolongamento da Rua Mata Bacelar, trecho onde ocorreu o rompimento da obra.
Porém, ao invés de uma galeria concretada, foram usados elementos de concreto
pré-moldados para tornar mais rápida a obra e, talvez, mais econômica”.
Também gostaria de falar – o tempo é curto, e a
gente acaba não podendo perguntar tudo que gostaria – sobre uma manifestação do
jornalista Políbio Braga, que diz o seguinte: “Ainda vai dar muito que falar as
investigações conduzidas pelo Ministério Público Estadual sobre o
desmoronamento de parte das obras do Conduto Forçado Álvaro Chaves, em Porto
Alegre, obra de R$ 59 milhões, que resolveu o problema dos alagamentos em áreas
sensíveis de nove bairros da Cidade. Sobretudo, no entorno do Parque Moinhos de
Vento, são 15 quilômetros de tubos e galerias, um verdadeiro metrô das águas,
que os promotores requisitaram o livro de obras do DEP, que registra cada evento
ocorrido durante a realização da empreitada”. E, segundo o Políbio – e eu
também já recebi notícias –, faltam páginas desse diário, exatamente as páginas
que tratam da área da Rua Coronel Bordini atingida pelo desmoronamento. Onde
estão essas páginas? Por que sumiram ou não sumiram? Por que o DEP até agora
não respondeu aos Pedidos de Informações, Ver. Airto Ferronato? Eu mesmo tenho
um Pedido, assim como vários outros Pedidos que fiz ao Governo e até agora não
recebi resposta! Fiquei feliz com V. Exa. dizendo que agora é só cobrar que o
senhor vai entregar os Pedidos, e que espera que
não fiquem lendo porque não vão se eleger. Eu quero dizer que faço Pedidos de
Informações, leio, discuto e tomo providências, porque mais importante, Ver.
Clàudio Janta, do que nos eleger ou nos reeleger, é cumprir com o nosso
mandato, e o nosso mandato de Vereador diz que devemos fiscalizar. Então, acho
que a nossa preocupação deve ser principalmente com a fiscalização das obras, e
eu gostaria muito que fossem respondidos os meus PIs para poder realizar aquilo
que mais devo fazer: fiscalizar. Conto com o Ver. Airto Ferronato, Líder do
Governo, que diz que vai responder aos Pedidos de Informações, para que sejam
todos os meus Pedidos respondidos. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado,
Ver. Mauro Pinheiro.
O Ver. Clàudio Janta
está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, agradeço ao Cerimonial, que me deu o nome de todas as pessoas
que compõem a Mesa, mas, na figura do Tarso, Diretor do DEP, cumprimento todos,
pois o tempo é curto.
Primeiramente, queria
cumprimentar o Tarso, porque, em todas as vezes que foi chamado para vir a esta
Casa, aqui esteve presente, de peito aberto, trazendo todas as informações que
nós pedimos, que nós necessitamos, e isso engrandece este debate. Você esteve
sempre aqui presente, com os técnicos, com o corpo do DEP, e isso é muito bom;
ao contrário do que acontece, como eu já cobrei outras vezes aqui nesta
tribuna, com a tão sonhada e falada empresa. Que raio tem esse negócio, que
essa empresa não vem à Câmara de Porto Alegre falar com os Vereadores? Qual o
problema dessa empresa que se nega a vir aqui? Uma empresa que pegou cinquenta
e poucos milhões de reais de dinheiro público... Eu a vejo como um mercenário,
Ver. Tarciso, que chega num clube de futebol, já beija o distintivo e amanhã já
vai para outro e beija o distintivo também. Mas por que não vem aqui explicar
para nós o que aconteceu? Por que não vem aqui essa empresa que comprou parte
do consórcio de outra empresa, essa empresa que se nega a vir a esta Câmara de
Vereadores; nega-se, porque nós já chamamos essa empresa aqui, já pedimos que
essa empresa viesse aqui. E hoje estão aqui todas as entidades envolvidas –
Sociedade de Engenharia, CREA, Instituto da UFRGS, técnicos do DEP -, mas quem
fez a obra não está aqui!
Eu não entendo nada de obra, não sou engenheiro,
não sou empreiteiro, não entendo desse assunto; mas, quando a minha esposa faz
algum puxadinho lá em casa e ela quer que eu pague o Osmarino - uma pessoa que
ajuda lá -, eu vou lá fiscalizar, eu vou lá saber se a Sky está funcionando, se na torneira corre água, se os fios para
ligar a luz estão lá! Eu vou lá fiscalizar! E jamais eu iria contratar o
Osmarino de novo se ele não tivesse feito essas coisas básicas. Como é que essa
empresa faz uma obra, que durou anos, que é necessária para a cidade de Porto
Alegre, e desconsidera a Casa do Povo? Desconsidera um pedido do Presidente
desta Casa, Dr. Thiago, que encaminhou para essa empresa que veio aqui
explorar? Sr. Presidente, eu gostaria que V. Exa. assegurasse o meu tempo,
enquanto os Vereadores se entendem... As “torcidas” estão divididas.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Há um Vereador na tribuna, por gentileza...
(Tumulto no plenário.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Há um Vereador na tribuna, solicito aos Vereadores
que deem exemplo de educação aos nossos convidados, ao menos. Estamos sendo
transmitidos diretamente pela TV, não é um bom exemplo para esta Casa. Queiram,
por gentileza, os Srs. Vereadores tomarem seus lugares para que o Ver. Clàudio
Janta possa continuar a sua manifestação.
Ver. Clàudio Janta, V. Exa. pode continuar, os
ânimos já estão calmos.
O SR. CLÀUDIO
JANTA : Pois é, então é isso que acontece quando o pedreiro não conclui a obra,
porque essas cenas, quem está vendo a TVCâmara, seriam as mesmas de lá de casa,
eu e a dona Carla, minha esposa, se eu pagasse o Osmarino e a obra não funcionasse,
se eu quisesse abrir a torneira e não tivesse água, se eu quisesse ver os fios
e não tivesse nada, mas com certeza eu iria atrás do Osmarino e ia fazer ele
terminar o serviço dele. Quero saber por que, volto a dizer, quando o Dr.
Thiago, Presidente desta Casa, mandou um documento para que todos os órgãos
viessem para cá - ele não mandou em nome dele, mandou no nosso nome, no nome da
representação da população de Porto Alegre, dos 36 vereadores que, em Reunião
de Mesa com os Líderes, decidiram que essas entidades, junto com a empresa
executora – e não vieram? A empresa que foi contratada, a empresa que como
jogador de futebol mercenário causa todos esses transtornos entre a geral do
Grêmio quando tira o pé, está causando aqui nesta Casa. O verdadeiro
responsável disso não está aqui hoje prestando esclarecimentos aos
representantes do povo. Não está aqui. Acho que o Ministério Público, a
Procuradoria, que muitas vezes fica perseguindo os Vereadores, muitas vezes
fica perseguindo os políticos, tem de ir atrás dessa empresa e trazê-la aqui
para a Casa do Povo. Trazê-la para a representação popular, trazê-la para os 36
vereadores que representam todas as vontades da população de Porto Alegre,
porque o nosso órgão está cumprindo o seu papel, está aqui de cara limpa. O
Tarso, recém tinha assumido, estava aqui e foi franco conosco: “Gente, assumi
agora, deem um tempo para eu me enturmar desse negócio todo”.
Acho que temos de discutir, a fundo, o papel dessa
empresa, se ela vai arrumar o Conduto Álvaro Chaves, se o prazo de validade do
produto se encerra agora, se será ampliado com a reforma que terá de ser feita,
principalmente, se o resto do Conduto também está bom. Volto a informar, não
sou engenheiro, trago aqui a experiência de um trabalhador no dia a dia. Com
força, fé, calma e paz no coração, nós vamos resolver os problemas da cidade de
Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Márcio Bins Ely está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. MÁRCIO
BINS ELY : Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Venho a esta
tribuna, uma vez que os ânimos já estão acalmados e para descontrair um pouco,
já que tivemos aqui uma acalorada discussão. Mas acredito que com as acaloradas
discussões, nós vamos aperfeiçoando a democracia e também externando as mais
diversas opiniões a respeito de temas importantes e relevantes na Cidade. Quero
trazer aqui um pouco o sentimento e a opinião, resgatando alguns exemplos que
ocorrem na iniciativa privada, para uma obra pública de investimento importante
para a Cidade. Esta obra trouxe uma solução para um contingente coletivo
numérico e territorial muito significativo, comportou esse investimento do
Conduto Forçado Álvaro Chaves e acabou, inclusive, por permitir um
desenvolvimento que não ocorria naquela região baixa do 4º Distrito,
alavancando investimentos, qualificação de espaços urbanos por não mais
ocorrerem aquelas inundações, aqueles alagamentos. O que eu queria dizer aqui é
que, quando um cidadão, uma cidadã adquire um imóvel, por exemplo, num
condomínio ou num prédio, geralmente as boas construtoras, eu diria assim,
oferecem um seguro de mais ou menos cinco anos. Considerando que essa
contratação foi assinada ainda no Governo Verle, lá em 2004, que a obra foi
executada e concluída em 2008. A própria empresa está se colocando à disposição
para reparar os custos que porventura possam ter havido para sanar o problema
que ocorreu. Eu entendo que resolvido o problema lá na ponta, está solucionado
o problema da coletividade da Cidade.
Eu conversava esta semana com um construtor, que me
relatava que teve um problema na véspera de Natal: caíram algumas pastilhas de
uma obra que ele tinha entregue há oito anos. O que ele fez? Mandou o mestre de
obras arrumar as pastilhas que tinham caído. Dali a meio ano, veio tudo abaixo,
caiu quase meio andar de pastilhas. O que ele fez? Ligou para o mesmo
empreiteiro, mandou tirar todas as pastilhas, mandou repintar o prédio e
solucionou o problema. Então, mal comparando, obviamente trazendo um exemplo da
iniciativa privada, mas traduzindo esse exemplo para uma obra pública: se houve
uma chuva fora da proporção e da dimensão normal da atividade de um mês, ou, em
tese, se choveu em nove dias o que deveria chover em um mês, ou se o volume
milimétrico não comportou, foi necessária uma obra para corrigir os
alagamentos. Foi lá o empreiteiro e corrigiu, vai pagar, arrumou. A solução
para a Cidade está apresentada e ninguém mais anda de jet ski nem de caiaque ali na Av. Goethe, no Parcão. Nós estamos
vendo um território importante da Cidade como o 4º Distrito se desenvolver,
porque não alaga mais; foi feito um investimento, porque se qualificou a
Cidade. Vamos enfrentar o problema de frente. Quem é o responsável? Este tem
que assumir o compromisso de fazer o conserto se porventura houver algum
problema na execução da obra. Meus cumprimentos ao DEP e a todos aqueles que
estão aqui com as Bancadas, conversando, exemplificando e trazendo a
problemática da situação para o Poder Legislativo. De peito aberto e cabeça
erguida vamos enfrentar o problema, solucionar o problema olhando para a
frente, sabendo que no ano que vem teremos uma Copa do Mundo, que outras
situações ocorrerão e quando os problemas advirem, nós vamos procurar os
responsáveis para saná-los. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Ver. Márcio Bins Ely. O Ver. Alberto
Kopittke está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Caros colegas, boa-tarde; quero, antes de mais nada, agradecer aqui a
vinda dos engenheiros, das autoridades da Prefeitura, e do nosso Diretor do
DEP, para uma discussão tão importante para a nossa Cidade. Lamentar aqui o
ocorrido, mas muitas vezes nós temos que tentar exercitar mais aquilo que nós
falamos em nome da democracia, da tolerância, das escrituras que tantas vezes
nós utilizamos aqui; elas precisam ser exercitadas no nosso dia a dia. Jamais um
Vereador, dentro desta Casa - não na minha frente -, vai ameaçar o colega de
lhe dar uma surra, seja de que Partido for. Eu jamais vou admitir que isso
aconteça neste Plenário! Então, peço desculpas aos convidados pelo ocorrido,
mas é com muita tristeza que acompanhei esse fato e sobre o qual, de maneira
alguma, posso nos calar. Mas voltando aqui ao assunto que tanto interessa à
Cidade, até é compreensível o nervosismo de alguns. Líder do Governo, nós
queremos ajudar o Prefeito Fortunati para que ele saiba, exatamente, as
heranças que ele traz do Governo anterior. Porque, essa empresa que o Ver.
Clàudio Janta muito bem citou aqui - e não é à toa que deixa nervosos certos
colegas -, porque ela é citada, inúmeras vezes, na Operação Rodin; na Operação
Solidária; em depósitos para um Deputado Federal do Rio Grande do Sul. Por
isso, tal empresa causa tanto nervosismo aqui no Plenário, e não aparece para
prestar esclarecimentos para a cidade de Porto Alegre. É isso que o PMDB tem
que vir aqui e explicar para a cidade de Porto Alegre: essa sua relação
histórica e antiga com a Mac Engenharia. Mas, voltando aqui, nós tivemos uma
mudança na discussão do Conduto Forçado Álvaro Chaves. No dia seguinte da
chuvarada, vieram aqui Vereadores do Governo, dizer que a Cidade havia sido
acometida por um dilúvio de proporções bíblicas, e que essa era a causa, e que
nós estávamos fazendo política em cima de uma tragédia natural. E aqui está o
CREA, tecnicamente dizendo que não foi o que ocorreu na cidade de Porto Alegre.
Em 16 ou 17 metros, ou 0,03% de uma obra é o compromisso de toda a obra! É como
se uma ponte de R$ 58 milhões tivesse sido construída e, no primeiro caminhão
pesado que passasse em cima, ela caísse aqui na Cidade. Como bem destacou aqui
o Ver. Mauro, não se trata do projeto elaborado pelo Ver. Ferronato, quando ele
estava à frente do DEP; por qualquer problema que tivesse aquele projeto, o
resultado do excesso de chuva não teria sido o rompimento, teria sido o
alagamento.
Aqui, como muito bem destacou o Prefeito Villela,
na última vez que discutimos, não se trata de nenhuma crítica aos técnicos do
DEP, que tanto colaboram, há tantas décadas, com a nossa Cidade. Trata-se, sim,
de uma responsabilidade política do gestor do DEP àquela época, porque ele é
que tem que ser responsabilizado pelo que a Cidade está vivendo hoje.
Inclusive, fica a insegurança: se nós não estamos diante de uma premente nova
tragédia em qualquer uma das ruas por onde o Conduto passa, e não só do Conduto
Álvaro Chaves, uma vez que as obras de Porto Alegre não têm uma gestão
profissional como determinam as normas internacionais de gestão de projetos. Eu
fico preocupado com essas obras, inclusive, que estão acontecendo hoje - graças
aos recursos do Governo Federal -, se elas não têm gestão profissional? Se em
qualquer um desses viadutos que está sendo construído também não vai acontecer
o mesmo do Conduto Álvaro Chaves?
Isso não é uma fatalidade. Nós, gestores políticos,
somos eleitos pelo povo para bem coordenar os recursos públicos, e não foi isso
o que aconteceu, infelizmente, na obra do Conduto Álvaro Chaves, a obra mais
cara da história de Porto Alegre, que não sobreviveu ao seu primeiro teste.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. VALTER
NAGELSTEIN: Presidente, é necessário somente um registro, até porque o Ver.
Alberto referiu este Vereador. Primeira questão: mais cedo, nesta Sessão, o
Ver. Engº Comassetto disse que este Vereador não tinha honra para falar sobre
determinado assunto. Logo em seguida, aqui, com o testemunho de vários
Vereadores, quando eu disse – algo que é histórico – que o contrato foi
assinado, no final do Governo do PT, pelo Sr. João Verle, ele disse que eu não
era homem para falar sobre esse assunto. Portanto, foram duas ofensas de ordem
pessoal que não têm a ver com o mandato, nem com a política. Aliás, ofensas que
foram testemunhadas por vários Vereadores, e eu vou promover, Ver. Alberto
Kopittke – eu lamento que senhor ouça de um ouvido só –, a devida representação
contra o Ver. Comassetto, porque para mim, quando se ofende a dignidade de um
homem ou de uma mulher, tem que se estar pronto para responder. E, se for o
caso, inclusive, que venhamos a resolver da forma antiga, eu não me furto
disso! Eu não me furto disso! Muito obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, feito o registro.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): V. Exa. seja objetivo, por gentileza.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sempre, Sr. Presidente. Primeiro, eu quero aqui pedir desculpas aos
nossos visitantes porque tudo o que disse o Vereador que me antecedeu neste
microfone é mentira. O nosso debate aqui é o debate do Conduto Forçado Álvaro
Chaves. Eu disse e repito em alto e bom som que, até o início da obra, foi tudo
feito às claras e, após, inclusive com o Secretário Boelter,
que não tem nenhuma responsabilidade pelo que aconteceu... A responsabilidade
da gestão foi do PMDB, de alguém chamado Augusto Teixeira, que é do Partido
dele e que conduziu mal – é esse o problema que ele não quer aceitar – e que,
agora, vai ter que devolver dinheiro aos cofres públicos, essa é a questão!
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Vereador, está feito o registro.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente; Sr.
Diretor do DEMHAB; dirigentes do CREA; Sociedade de Engenharia; meus senhores,
minhas senhoras; colegas Vereadores; desde logo vamos deixar claro: a última
vez, até 31 de dezembro, que eu tinha tido, na minha vida pública, responsabilidades
objetivas com a administração da Cidade, dista mais de 30 anos. Então, eu estou
fora desse jogo de estabelecer se o resultado é de quem começou ou de quem
terminou nesse processo. Em verdade, eu não tenho que temer de modo algum
quando falo nas empresas que aqui não vieram, porque eu não as contratei, eu
não as escolhi. E quem o fez, diga-se de passagem, o fez com lisura porque eu
não acredito que o Partido dos Trabalhadores, que dirigiu a Cidade por 16 anos,
no seu último ano de atividade, em 2004, fosse contratar empresas inidôneas
para fazer essa obra relevante que nós estamos a considerar. Também não vou
subscrever de modo algum a colocação de que tais pessoas sejam as responsáveis
por esse infausto acontecimento, não só quando se referem ao Ernesto, mas muito
mais! Aqui, Ver. Guilherme Villela, eu me sinto no dever de responder em nome
de Willy Lubianca, que,
infelizmente, não pode fazê-lo, que foi o responsável técnico durante largo
período dessa obra. E V. Exa., que me apresentou esse cidadão, sabe que era um
homem digno, um homem honrado, um homem correto, e que nem todos os dirigentes
dos organismos específicos, meu caro Tarso, têm as características específicas
da obra ou das obras. Eu fui Diretor
do DEMHAB, sou advogado por formação e me vali do corpo técnico do
Departamento, como certamente V. Exa. está se valendo do corpo técnico do DEP.
Nós temos que respeitar esse patrimônio do Município de Porto Alegre, que é a
qualidade dos seus servidores.
No resto, Sr. Presidente, eu quero dizer, com toda
a clareza, que eu esperava que o resultado desta nossa reunião no dia de hoje
fosse bem mais promissor do que está sendo nesse cotejo de discursos, quando,
em verdade, nós estamos diante de um fato concreto. Houve um lamentável
acidente no Município de proporções ciclópicas, que, infelizmente, gerou essa
polêmica, mas que, felizmente, não ocasionou, Ver. Ferronato, graças a Deus,
nenhuma consequência mais grave no que diz respeito à integridade física das
pessoas que moram naquela região e que transitam por aquela região.
De qualquer sorte, Sr. Presidente, já que o meu
tempo se encaminha para o esgotamento, eu diria que há que se aprofundar
fortemente algumas colocações aqui feitas, inclusive aquela que tenta
responsabilizar exclusivamente ou prioritariamente todo o processo, todo o
deslinde dessa situação com as modificações do projeto que ocorreram durante a
sua execução. Modificações do projeto que eu quero salientar, eu, que era
Vereador naquela ocasião: esta Casa, em 2004, exigiu que fossem feitas apoiando
o movimento comunitário, que queria preservar as árvores no bairro e que foram,
afinal, preservadas pela modificação do projeto. Eu não quero aceitar de modo
nenhum que queiram responsabilizar de forma prioritária essa circunstância, ou
seja, a modificação feita pela mesma equipe de projetistas que havia sido
originariamente contratada, que eles tenham ocasionado essa situação. Quem leu
em algum lugar esse tipo de implicação não leu no relatório técnico que nos foi
oferecido no dia de hoje aqui nesta Casa. Ouviu em conversas, em blogs de jornalistas ou coisas dessa
ordem, os quais, convenhamos, nós temos que respeitar, mas não podemos
transformá-los em atestadores de grandes verdades.
Por isso, Presidente, cumprimento a Direção do
CREA, que assumiu uma responsabilidade e cumpriu com exação, cumprimento a
Sociedade de Engenharia que está aqui conosco, e faço coro com o Ver. Clàudio
Janta: lamento que as empresas diretamente envolvidas nesse processo aqui não
estejam. Isso me deixa numa situação muito delicada porque eu gostaria de
vê-los aqui da mesma forma que outros tantos aqui já estiveram assumindo a sua
parcela de responsabilidade e, acima de tudo, buscando equacionar para que, no
futuro, situações como essa sejam minimizadas; o desejo de todos nós seria que
fossem evitadas. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente, um tema como este, com a relevância que tem este
projeto, o maior projeto de hidrologia do Estado do Rio Grande do Sul em
perímetros urbanos e que foi concebido lá no início do ano 2000, com a
coordenação do Ver. Airto Ferronato e com a responsabilidade técnica das
Engenheiras Magda, Lúcia, Daniela e, por parte do BID, do Cisternas, mais de uma equipe, foi um projeto
bem elaborado e está aqui - o Relatório que o CREA traz aponta isso. O problema
no Conduto Forçado Álvaro Chaves está num período que
começou em janeiro de 2005 e que vem até a sua explosão. Por que, em 2005, foi
mudado o projeto? Quem era o Diretor do DEP? Ernesto Teixeira. Quem era o
Secretário de Gestão? Clóvis Magalhães, que ali está. Por que foi aumentado em
R$ 17 milhões esse projeto? Para estourar? Para apresentar materiais débeis,
como diz aqui o Relatório? O que diz o Relatório, senhores e senhoras? O
relatório do CREA, do IPH e de todas as entidades diz o seguinte (Exibe documento.): “O uso de metodologia hidráulica foi insuficiente
na mudança do projeto; o uso de critérios estruturais e construtivos foi
inadequado; a execução da obra se deu com dificuldade operacional; a gestão da
execução da obra foi uma gestão frágil com concepção de gestão de projeto com
aspecto difuso”, sem a responsabilização de alguém que assinasse e garantisse o
que estava sendo feito. Então é isso que está em discussão aqui e nós queremos
respostas! Houve ou não houve mudança do projeto? Todo mundo sabe que houve. A
mudança do projeto teve uma condução adequada ou não? Pelo que aponta aqui,
apresenta dificuldades. Houve ou não uma construção de Engenharia que não
aplicou aquilo que estava recomendado? Está dito aqui no Relatório que os
materiais empregados eram diferentes do que a tecnologia decide para Conduto
Forçado. E aqui diz que os cálculos estruturais eram de 13 metros por coluna
d’água, e aquela chuva foi de 5 metros por coluna d’água, portanto não poderia
ter estourado aquele Conduto Forçado ali. E aí, Janta e Reginaldo Pujol, a
empresa faz o que o gestor manda fazer, principalmente naquilo que está
enterrado. Eu quero saber se aquela obra - eu faço esta pergunta ao CREA - com
aquela tecnologia que foi ali aplicada, justifica o aumento de R$ 17 milhões. É
isso que estamos discutindo!
Por que o Valter está tão nervoso aqui? Todos sabem
que o Ernesto Teixeira era o coordenador financeiro das campanhas do PMDB, é
isso que está em debate aqui. Quem não sabe disso?
(Aparte antirregimental do Ver. Mario Fraga.)
O SR. ENGº
COMASSETTO: Este é o assunto, sim! O dinheiro foi aplicado no Conduto Forçado Álvaro
Chaves ou não foi? É esta a discussão.
(Aparte antirregimental do Ver. Mario Fraga.)
O SR. ENGº
COMASSETTO: Mas eu continuo indo bem, porque a população quer saber essas respostas.
E aí o meu querido colega Valter Nagelstein, que conheci em Bagé, quando andava
de calças curtas, porque seu pai nos atendia no DCE da Universidade, onde eu
era presidente, vem me ameaçar dizendo que vai me dar uma surra se eu continuar
fazendo este debate? Não, temos que continuar fazendo este debate! Por favor! E
eu tenho o maior respeito pelo contraditório, e temos que exercitar o
contraditório. Eu posso estar totalmente errado, mas tenho o direito a fazer
essas perguntas, que são técnicas e políticas.
Inclusive, já faço um Requerimento a esta Casa.
Primeiro: queremos saber do Prefeito Municipal onde está a resposta da
sindicância sobre a não resposta ao Pedido de Informações que fizemos em 2007,
pois ele disse que abriu uma sindicância e até agora não obtivemos resposta
sobre isso. Segundo: um ofício ao Prefeito José Fortunati para que realize uma
sindicância interna na gestão do Ernesto Teixeira e do Clóvis Magalhães, na
Secretaria de Gestão, para apurar esses fatos administrativos que aqui estamos
levantando; como o Prefeito está fazendo outras sindicâncias que eu não sei se
têm a mesma relevância que essa, é inevitável que seja feita neste momento.
Esta é a nossa contribuição ao debate. Um grande
abraço. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra no período
temático de Comunicações.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, eu até não estava
pensando em falar neste momento, mas não me contive, Ver. Valter Nagelstein,
quando alguém vem a esta tribuna falar da idoneidade de alguém, sendo parte de
um Partido comandado por uma quadrilha de ladrões, conforme o Supremo Tribunal
Federal, Ver. Comassetto! O seu tesoureiro, esse, sim, é ladrão. Isso foi dito
pelo Supremo Tribunal Federal. O senhor vem aqui com essa cara de pau querer
botar pessoas honestas numa sindicância que o senhor deveria ter feito com os
seus companheiros que assinaram o contrato no apagar das luzes, no final do
ano. Qual é a intenção do PT, será a mesma da quadrilha, em assinar o contrato
no dia 28 de dezembro? Essas empresas foram escolhidas por vocês, Ver.
Kopittke. O senhor é muito novo aqui para pensar que é delegado. O senhor não é
delegado, o senhor foi Secretário de Segurança de um quarteirão em Canoas, do
Guajuviras, e pensa que manda, pensa que sabe e pensa que dá ordens aqui
dentro. O senhor não dá; o senhor não diz o que está certo e o que está errado.
É bom vocês fazerem um ato de contrição – para os católicos é um ato de
contrição – e pedir perdão para o Brasil. Espelhem-se na transposição do Rio
São Francisco, pois lá não está enterrada a roubalheira, ela está ao ar livre!
O material está ao ar livre, desse seu Presidente Lula, o Presidente que
comandou a maior roubalheira neste País!
(Aparte antirregimental.)
O SR. IDENIR
CECCHIM: Esse Geddel é seu companheiro também! Eu nunca deixei de criticar quem é
do meu Partido! Quem está lutando para dizer que o PMDB é de vocês agora, são
vocês. O PT precisa de cúmplices, e os cúmplices sejam quem for, nós vamos
dizer os nomes aqui, seja o Geddel ou não. Mas quem está condenada é essa
quadrilha do PT, a quadrilha do seu Partido. Esses estão condenados. Então,
quando se fala em moral, em vontade, tem de olhar para trás. Ver. Kopittke, o
senhor é muito novo nesta Câmara e tem direito de falar o que quiser, mas vai
ouvir o que não quiser também. E, a partir de agora, o senhor, que pertence ao
Partido da quadrilha que roubou mais dinheiro deste País, o senhor, antes de
falar, olhe para o seu umbigo! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Cassio Trogildo está com a palavra no
período temático de Comunicações.
O SR. CASSIO
TROGILDO: Boa-tarde, Sr. Presidente, Ver. João Carlos Nedel; Sras. Vereadoras,
Srs. Vereadores, saúdo a Mesa na pessoa do amigo Tarso Boelter, Diretor-Geral
do DEP, amigo esse que está preocupado com o dia de amanhã, porque eu marquei
de ir lá visitá-lo, como tinha marcado naquele 20 de fevereiro. Quando saí da
Câmara para me deslocar para lá, no caminho, o Tarso me ligou e disse que
teríamos que cancelar porque o Prefeito o havia chamado, porque havia dado esse
sinistro no Conduto Forçado Álvaro Chaves.
Mas o que eu queria dizer, como já lhe disse,
Diretor Tarso, é que os dias no DEP no período de verão são muito piores do que
no período de inverno, por incrível que pareça, porque as grandes chuvas, nesta
Cidade, acontecem, em grande volume, no período de verão. Logicamente, o
Conduto tinha que suportar essa chuva, e o nosso papel é justamente fazer a
avaliação, o debate do que aconteceu. Então, eu lhe peço, Diretor Tarso,
serenidade na condução desse processo, muita calma, muita tranquilidade, da
mesma forma que peço que esta Casa também possa continuar tratando e debatendo
este assunto de tanta relevância para a nossa Cidade com muita serenidade, com
muita calma, como eu acho que deve ser o ânimo aqui na Câmara Municipal de
Porto Alegre.
Eu entendo essa obra, que foi uma obra que
transplantou duas administrações, como o puro exemplo de como deve ser a
continuidade administrativa. O Prefeito Fogaça não tinha alternativa em janeiro
de 2005, ele não podia pegar um contrato que já estava assinado desde o final
de dezembro e, simplesmente dizer: “Vamos revisar tudo, não vamos executar essa
obra”. Como foi dito aqui, era uma obra de décadas e que tinha necessidade na
nossa Cidade. Então, não se tinha muita alternativa senão executar. O que foi
feito - eu acompanhei esse processo - foi uma modificação de projeto por um
anseio da comunidade da Rua Coronel Bordini, que tinha muito receio de que a
obra, passando por ali, fosse afetar as raízes das árvores, o que poderia
causar a morte de inúmeras delas.
Então, naquele momento, foi feita uma alteração de
projeto pelas mesmas pessoas, Ver. Ferronato, pelos mesmos técnicos que haviam
sido contratados para elaborar o projeto, como não poderia ser diferente. Foram
levantadas diversas coisas nesse projeto, como a própria galeria, no final da
Rua Álvaro Chaves, que já existia; foi feita uma opção de projeto para
aproveitar aquela galeria. Eu não sou técnico da área de Engenharia e nem da
área de Arquitetura, mas fui Secretário Municipal de Obras e Viação, fiquei na
Secretaria de Obras durante 7 anos e 3 meses, onde tive muito acesso e
trabalhei muito com essas questões técnicas. Logicamente, parece-me que, em
qualquer obra, só há três formas de dar problema: no projeto, na gerência ou na
execução. Fora disso, não tem como dar problema. Em todas essas etapas, existem
as responsabilidades, que são conjugadas, mas alguns têm mais responsabilidade
do que os outros em cada uma dessas etapas. No projeto, têm responsabilidade os
responsáveis técnicos, aqueles que assinaram a RT para elaboração do projeto;
na execução, também têm responsabilidade os responsáveis técnicos, a empresa
que executou.
O que nós precisamos, sim, neste momento, é ter a
grande clareza de prevenir outros sinistros. Nós precisamos, Diretor Tarso,
corrigir o mais rápido possível o dano que foi causado naquele trecho, e aí eu
quero deixar uma pergunta: a empresa já se responsabilizou em fazer essa
correção?
E precisamos, de imediato, um cronograma de quando
teremos um laudo técnico conclusivo de como está a situação no decorrer de todo
o Conduto, porque essa obra é uma obra subterrânea, diferentemente de um
viaduto.
Sr. Presidente, tendo terminado meu tempo, solicito
prosseguir meu discurso, agora em Comunicação de Líder.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Concedido.
O SR. CASSIO
TROGILDO: Eu quero citar aqui uma outra obra que também perpassou duas
Administrações, que é a 3ª Perimetral. O Governo Fogaça terminou mais ou menos
de 8% a 10% da execução da 3ª Perimetral, e um dos equipamentos que o Governo
Fogaça terminou foi o viaduto lá de Teresópolis, que teve elaboração de
projeto, foi licitado, contratado durante a gestão anterior e executado na
gestão do Prefeito Fogaça. Qual é a grande diferença? É que, no viaduto, se
houvesse algum erro de execução, nós enxergaríamos ali, porque é visível a olho
nu; passa-se ali e enxerga-se aquela trincheira com a passagem de nível - esse
é o termo correto lá para aquele equipamento público. Lá no Conduto, ele estava
enterrado, não se tinha o acompanhamento ali para saber se, nesses cinco anos,
ele teria tido problemas como esse que ocorreu. Então, são 16 quilômetros de
uma obra muito importante para a nossa Cidade e nós precisamos, sim, com muita
serenidade, agora trabalhar com a prevenção. Qual o risco que existe naquele
trecho afetado, em havendo uma outra chuva, de ter um sinistro pior?
Precisamos, sim, ter a correção desse trecho que foi danificado o mais rápido
possível. E, mais uma vez aqui, para finalizar, eu peço que nós tenhamos um
calendário, Diretor Tarso, da contratação desse laudo técnico conclusivo; que
efetivamente possa estabelecer as responsabilidades, porque a responsabilidade do
projeto, da gerência, da execução, que foi o que demonstrou o Parecer Técnico
do CREA, neste momento, é vaga - sem desvalorizar o trabalho que fez o CREA -,
mas, foi dito aqui, o CREA fez esse trabalho com as informações, as condições e
o prazo que tinha. Nós precisamos agora avançar nas causas e, mais do que
avançar nas causas, é termos a prevenção de que o Conduto poderá suportar
intercorrências de 96 anos, de 100 anos, nos outros trechos, e que esse trecho
que foi afetado possa, sim, ser corrigido o mais rápido possível, de
preferência pela empresa que executou. E aí eu queria deixar aqui o pedido de
como está esse encaminhamento, para que a gente possa, a partir de agora,
trabalhar cada vez mais na prevenção. Para finalizar, cada um tem que assumir a
sua parte da responsabilidade. Não adianta querer dizer: “Tu és mais
responsável do que o outro”. Todos têm responsabilidade nesse processo, dentro
do seu grau de responsabilidade, dentro daquilo que trabalhou, dentro daquilo
que executou, dentro daquilo que foi gestor. Eu só não posso conceber aqui que
se diga que o gestor, que não é responsável técnico, tenha a maior
responsabilidade. Eu fui Secretário de Obras, não sou engenheiro, e tinha a
responsabilidade de gerenciar, agora, a responsabilidade técnica sempre foi dos
técnicos. Os técnicos do DEP têm a sua responsabilidade limitada, senão a
Prefeitura não contrataria alguém para ter a responsabilidade técnica e assinar
por essa responsabilidade técnica. O DEP e seus fiscais tinham a obrigação de
acompanhar; agora, a responsabilidade técnica do projeto, da execução, é
daquele que assina a RT.
Tendo serenidade, com certeza chegaremos a bom
termo para que tenhamos um Conduto que cumpra com as suas funções do ponto de
vista de drenagem, de infraestrutura, que é tão importante para a nossa Cidade,
e que resolveu, por um período de cinco anos, a questão dos alagamentos ali,
questão essa que queremos possa estar solucionada, resolvendo, por muitos e
muitos anos, a questão da drenagem urbana na nossa Cidade, naquele trecho, e o
Conduto se propõe a melhorar a situação. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Ver. Cassio Trogildo.
Informo que esteve aqui conosco, até poucos
minutos, o Deputado Edson Brum, Presidente Estadual do PMDB.
A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra no período
temático de Comunicações.
A SRA. JUSSARA
CONY: Obrigada, Presidente. Cumprimento a Mesa e os meus colegas Vereadores e
Vereadoras. Quero, primeiro, destacar que este é um momento muito importante da
Câmara Municipal de Porto Alegre, porque ele foi construído, passo a passo, na
dimensão da responsabilidade que temos com a Cidade - e estou falando sobre a
Câmara em seu todo.
Eu li todo o Parecer do CREA, a minha assessoria
leu, estudou - eu estou respondendo ao Ver. Pujol, que disse que duvidava que
alguém tivesse lido -, no mínimo, nós e as nossas assessorias, com certeza,
lemos, e eu vou me basear no Parecer para o pronunciamento e encaminhamentos
que, em nome da Bancada do PCdoB, quero fazer aqui. Lamentavelmente, Porto
Alegre teve que passar por essa tragédia, e vou tentar centrar, exatamente, na
busca das soluções que nós precisamos construir. Precisou isso acontecer para
que se chegasse a uma conclusão óbvia. E essa conclusão óbvia não é porque nós
queremos, mas é pelos fatos, pelo conhecimento técnico que vêm conosco
contribuir, através do parecer do CREA e também dos pronunciamentos aqui
feitos.
Eu destaco o pronunciamento do IPH. Quando ocorreu
o rompimento, todos que se pronunciaram questionando foram, como nós, acusados
de oportunismo político. Eu quero reafirmar aqui, nesta tribuna, em nome da
Bancada do PCdoB, que, além de nós termos uma história que não transita em
oportunismos, buscamos nos basear em estudos técnicos, desde o início, quando
se buscou construir essa proposta que hoje está ocorrendo aqui.
Eu quero lamentar a não presença do consórcio, que
é o executante para o Município de Porto Alegre, que é o executante para o povo
de Porto Alegre! É dinheiro público! A Câmara Municipal conta com a presença de
todos os convidados, menos a do consórcio. Eu quero cumprimentar os técnicos do
DEP. Não estou falando nesta ou naquela gestão; eu faço isso como técnica da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como farmacêutica. Por quê? Porque
na concepção do André Luiz, Diretor do IPH, e que eu acho absolutamente
correta, o DEP precisa ser dimensionado à altura técnica administrativa do que
significa em uma gestão que tenha compromisso com obras realizadas com
qualidade. O DEP é um Departamento importantíssimo para a realização de obras
na cidade de Porto Alegre. Então, é nessa dimensão que cumprimento os técnicos
do DEP. Quero cumprimentar o André Luiz, do IPH, porque o trabalho já
anteriormente realizado pelo IPH, que apontava para essa possibilidade, foi
confirmado e foi confirmado pelo Parecer do CREA, pelo Paulo Farias. Acho que
vocês prestaram, mais uma vez, um enorme serviço para a cidade de Porto Alegre
e nós, como Legislativo, como Executivo e como setores organizados da Cidade,
temos que reconhecer isso. Eu vou me basear nas recomendações de vocês para
atuação da Bancada do PCdoB.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): A Ver.ª Jussara Cony prossegue a sua manifestação, a partir deste momento, em Comunicação de Líder.
A SRA. JUSSARA
CONY: Eu quero registrar algumas questões bem pontuais. Eu acho que, na minha
opinião, há negligência da Prefeitura enquanto gestão, desde a concepção, sob o
ponto de vista, principalmente, da reformulação do projeto e da execução, até
uma coisa que é fundamental, que é o monitoramento e a fiscalização. Quem tem
competência para fazer isso? Quem contrata teria que ter feito isso. Em um
consultório, tem que ter um médico; em uma farmácia ou em uma indústria
farmacêutica para produção de medicamentos, tem que ter um farmacêutico; em uma
obra, tem que ter um engenheiro responsável, o técnico responsável, e isso, até
agora, não apareceu. A responsabilidade, na nossa concepção, é uma
responsabilidade compartilhada, sim, de gestão, do próprio BID e do consórcio.
Eu creio que nós temos que ir a fundo nessa questão. Pelo parecer, a minha
conclusão, da nossa Bancada, é de que houve negligência e falta de gestão - e
as propostas, inclusive, já foram efetuadas pelo CREA. Esse é o nosso
embasamento. Por que o DEP não é reconhecido pelos gestores como um órgão
estratégico? Eu chego à conclusão de que é porque há a opção por consultorias,
e não para a estruturação com qualidade dos órgãos públicos. Isso é opção de
gestão e isso fragiliza uma gestão, fragiliza o seu o seu corpo técnico,
fragiliza os servidores de quadro que têm competência. E quando se opta por
consultorias, não se está fazendo aquilo que um gestor público deve fazer, que
é a concepção avançada de Estado e o papel do Estado, inclusive como regulador
de obras, de preço, de qualidade das obras. Estourou, por problemas de execução
da obra, pela alteração. O parecer do CREA diz isso, e o Mauro Pinheiro
explicitou muito bem. Não vou me prender aqui, pois acho que tu explicitaste
muito bem. Agora, eu pergunto, inclusive em cima da tua explicitação aqui: por
que aumenta o preço e diminui a qualidade? Como se explica isso? Só por falta
de gestão.
Agora, em relação à empresa, eu quero dizer que há
um desrespeito com esta Câmara Municipal, há um desrespeito com o próprio
Executivo que contratou, há um desrespeito com o povo de Porto Alegre, com as
entidades que representam os técnicos habilitados na área, a não presença da
empresa aqui. Quem vai pagar essa conta? É o Poder Público, ou seja, o dinheiro
público?
Eu finalizo,
Sr. Presidente, com essa última frase, antes das propostas, sobre a gestão
frágil que o CREA tem no seu parecer: “(...)concepção de gestão de projeto com
aspecto difuso – BID, GAPLAN, DEP – sem a figura do gestor do projeto,
engenheiro sênior – pessoa física – com controle do início ao fim do Projeto –
obra concluída; comunicação deficiente dentro do projeto; controle de mudanças
e riscos inadequado; hipertrofia do papel das consultorias – delegação
excessiva ou indevida para decisões cruciais do projeto e falta de controle das
comunicações”.
Essa questão
das consultorias, o uso das consultorias, ao invés do fortalecimento do setor
público, nos trará sempre tragédias! Ou, no mínimo, iniquidades. Quero dizer
também, com muita convicção, pela Bancada do PCdoB: nenhum Parlamentar, na
minha opinião, seja de oposição, ou de Governo – principalmente de Governo
nesse momento, mas também de oposição –, pode tergiversar sobre um assunto de
tamanha importância! Os pareceres técnicos são absolutamente claros, é o desvio
real do debate que tem que ser feito! Não dá para tergiversar! É uma obra que
custou milhões! Prejudicado é o povo de Porto Alegre! Nós temos que buscar a
solução! E eu sigo, a nossa Bancada, os passos das 11 propostas indicadas pelo
CREA, mais as contribuições do IPH. Parte-se
daqui! Tem que ter um ponto de partida, algumas coisas a Prefeitura encaminhou,
vamos ver o que aconteceu, vamos fiscalizar. Não estou questionando os
encaminhamentos feitos, mas há muito mais necessidade, e o parecer técnico é
que nos dá essa possibilidade.
Finalizo dizendo: o que nós queremos? Em primeiro
lugar, Vereadores que disseram que a oposição está negando uma obra como essa;
nós não negamos uma obra como essa. O PCdoB não nega! É uma obra importante
para a Cidade; o que se quer é que ela seja uma obra entregue aos cidadãos, com
esse custo de R$ 59 milhões, com qualidade! E isso é competência de gestão! E
isso é competência de fiscalização desta Câmara Municipal! Por isso eu finalizo
como comecei: a importância desse momento, que procuremos não tergiversar,
porque não adianta vir aqui e dizer que começou no Fulano, no Beltrano, no
Sicrano! É Poder Público, é gestão pública! E o momento em que ocorreu a
modificação da obra tem gestão determinada! Tem responsável! E eu creio que
esta Câmara está dando uma grande contribuição ao Poder Executivo Municipal na
busca, não de culpados, não estou no maniqueísmo, não trabalho com isso, o
bonzinho ou o ruim, o culpado ou inocente. Não tem inocência! Não tem culpados!
Tem é má gestão pública! E tem o abuso de uso de conjecturas em detrimento do
fortalecimento do setor público! É isso! (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Ver.ª Jussara Cony. O Ver. Mario Fraga
está com a palavra no período temático de Comunicações.
O SR. MARIO
FRAGA: Boa-tarde a todos, em
especial, ao Ver. João Carlos Nedel, que conduz a nossa Sessão; demais
convidados; companheiro de Governo, Tarso Boelter; Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores; público nas galerias; público que nos assiste pela TVCâmara. O Ver.
Mauro Pinheiro pede para eu ir devagar. Vossa Excelência já me conhece bem, mas
pelo pouco que conheço do Ver. Alberto Kopittke, não vai acontecer esse
incidente que aconteceu aqui. Vossa Excelência eu conheço muito bem, tenho
certeza. Eu queria falar também da trajetória que, por uma coincidência de
destino, também conheci o Willy Lubianca, na época em que ele exercia as suas
funções no DEP, um excelente profissional, que me deixa bem tranquilo quanto a
esse projeto, meu caro amigo Tarso. E tenho certeza, Mauro Pinheiro, que o
Tarso vai continuar, porque pegou esse rojão e está se saindo muito bem. Gente
que conhecia V. Sa., como líder lá do PP, e nós do PDT, temos certeza que,
nesse pouco tempo que V. Sa. pegou o Departamento de Esgotos Pluviais da
Cidade, da Capital, V. Sa. tem se saído muito bem. Eu tenho certeza que você,
Tarso, vai ficar; o outro, eu já não sei. Mas queria dizer que, mesmo sendo
assim, a obra, Ver.ª Jussara Cony, começou no Governo do PT. O projeto foi
executado pelo Governo do PT. E, Ver.ª Jussara, o IPH, que é uma consultoria,
pelo que consta, foi contratado pelo PT. Eu não sou engenheiro, mas, pelo que
consta, o IPH é um excelente Instituto, ninguém tem
nada contra. Eu também conheço o IPH e não é de hoje, já faz muito tempo.
Ver.ª Jussara Cony,
Ver. Mauro Pinheiro, representante do CREA e da sociedade de engenharia, vejam
que modificação em obra, modificação em projeto, nós estamos numa luta ferrenha
para mudar o projeto da Av. Edvaldo Pereira Paiva, não é verdade? E agora eles
fazem todo esse auê, porque foi modificado o projeto! Ora, o projeto foi
modificado por pessoas capacitadas, sem dúvida alguma! Pessoas que se formaram,
que passaram por uma faculdade, registradas no CREA. Mas prestem atenção nesse
detalhe: eles são contra a modificação, mas a Ver.ª Sofia Cavedon, uma
excelente Vereadora, que conheço há muito tempo, está tentando modificar o
projeto da Avenida Edvaldo Pereira Paiva! Acho que de um momento para outro, como
o Prefeito Fortunati já está muito cansado, ou ele aceita a mudança ou não faz
a obra. Vejam como as coisas acontecem nesta Casa! Ou se faz a mudança ou não
se faz a obra, continua como está! Talvez isso passe por aqui e nós teremos que
decidir.
Também quero
lamentar, como todos os Vereadores, a não presença das empresas aqui para dar
explicações. Eu não tenho procuração para defender o Ernesto Teixeira, porque
ele não é do meu Partido, mas ele esteve comigo três vezes lá no Conduto
Forçado e, em uma delas, quando disse que beneficia a 120 mil pessoas, é
mentira, porque beneficia a muito mais! Nós todos do PDT conhecemos a sede do
PDT, que fica na Rua Félix da Cunha, 311, onde entrava água e hoje não entra
mais, graças às obras do Conduto Forçado. Vou ficar por aqui, porque o tempo é
curto e todos nós temos muito que falar. Eu gostaria de falar mais um pouco.
Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Airto
Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo
Governo.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, acho que, depois desse debate acalorado,
mas bastante positivo – concordo com a Ver.ª Jussara Cony –, cabe conversar,
num momento anterior à ouvida das palavras finais dos nossos convidados, em
nome da Liderança do Governo, em nome de nós, Vereadores, do nosso Prefeito,
para a cidade de Porto Alegre e pela cidade de Porto Alegre, por seu cidadão,
repetindo a importância da obra, repetindo que ela é uma obra que teve diferentes
momentos, repetindo que não foi uma obra que nasceu do acaso lá em 2001;
Governos, Prefeitos, Diretores e o DEP discutem esta matéria, a vêm discutindo
há décadas.
A grande obra,
efetivamente, trouxe grandes resultados positivos para a Cidade, essencialmente
para aquelas mais de 120 mil pessoas que moram naqueles nove bairros.
Agora, além disso,
nós temos que, para finalizar a nossa participação, dizer e repetir que foi um
acontecimento que rompeu 17 metros no conjunto de uma extraordinária e grandiosa
obra de 16 mil metros. Se foi ali que aconteceu esse rompimento, nós precisamos
compreender – e sabemos disso: o Governo sabe disso, o DEP sabe disso, todos
nós sabemos – que houve um problema ali nesses 17 metros. Andam muito bem o
Diretor-Geral do DEP, Tarso, e o Prefeito, quando se sabe que vamos, agora,
reparar esse trecho de 17 metros, até para a segurança do nosso cidadão. E
andam muito bem a Direção do DEP, o DEP, o Prefeito, quando se busca uma – e aqui isso
foi falado diversas vezes – vistoria aprofundada de todo o trecho, dos 16 mil
metros de obra. Isso é necessário. É preciso que seja feita essa vistoria,
porque é a partir dessa vistoria – sem trazer quem é o responsável por isso –
que o Prefeito Municipal, a Administração Municipal, a Direção do DEP e nós
cidadãos temos a garantia da segurança dessa grande obra; eu concordo com o que
aqui foi dito que é um metrô das águas, e Porto Alegre não tem só um Conduto
Forçado, nós temos outros. Portanto, andam bem e aqui registro os nossos
cumprimentos ao Prefeito, ao Diretor-Geral do DEP, ao DEP no seu conjunto pela
iniciativa que vai tomar agora, claro, buscando empresas e pessoas de notório
saber para que façam a condução dessa vistoria. E quero cumprimentar, mais uma
vez, todos os envolvidos. Acho que deste debate se trazem luzes e quero deixar
o nosso registro, em nome da situação, parabenizá-los pela condução serena,
competente, sábia de um acontecimento em Porto Alegre que precisa ter, agora, o
cuidado de verificar o conduto no seu todo. Obrigado. Um abraço.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra em
Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente; prezados convidados; colegas Vereadores e todos que nos
assistem pelo Canal 16, são importantíssimos esses debates para podermos
esclarecer e, ao mesmo tempo, ver o equilíbrio inclusive de alguns políticos
quando o tema vem a debate. Quero dizer que muito me orgulha que a nossa
Administração foi a propositora desse tema para resolver um problema crônico da
Cidade. Tenho a maior confiança na responsabilidade que teve o nosso colega,
Ver. Airto Ferronato, o Líder do Governo - do qual e ao qual nós somos oposição
-, o que não impede que eu venha aqui, em nome da oposição, dizer que confiamos
na sua conduta quanto ao trabalho, bem como nada impede que eu venha aqui dizer
que confio na conduta do Tarso Boelter que assumiu neste momento a condução dos
trabalhos. Como disse o Ver. Mario Fraga, o Tarso assumiu um pepino - não é um
pepino, assumiu talvez um “propinoduto” -, e aí o Ver. Idenir Cecchim veio a
esta tribuna querendo desqualificar o debate, querendo levar para a esfera
nacional temas de desconstituição.
(Aparte antirregimental do Ver. Idenir Cecchim.)
O SR. ENGº
COMASSETTO: Ladrão é lá e aqui, isto é verdade, Ver. Idenir Cecchim! Eu só quero
lembrar-lhe uma coisa - digo ao Ver. Idenir Cecchim, que é do PMDB: só quero
lembrar que a investigação solidária, investigada pela Polícia Federal,
determinou, e está no site, pode
abrir o site toda a população de
Porto Alegre, “Operação Solidária” ou do Rio Grande do Sul, aponta ali que o
Deputado Federal do PMDB, com quem o Ver. Cecchim fez a dobrada na eleição
quando foi candidato a Deputado Estadual, recebeu, da Mac Engenharia, R$ 267
mil num cheque logo após ser feito o aditivo do Conduto Álvaro Chaves. É isso
que está em debate. Explicamos o nervosismo de alguns colegas, do Ver. Valter
Nagelstein e do Ver. Idenir Cecchim. Esta é a discussão que tem e tenho a certeza
absoluta de que esse dinheiro faltou para construir a obra com a exigência que
o CREA identifica, e os meus colegas engenheiros dizem que os estudos feitos da
obra eram para ter uma resistência de 13 metros de coluna d’água. Essa chuva
apresentou uma resistência de 5 metros por coluna d’água, portanto, não poderia
ter estourado. E estourou exatamente na mudança do projeto, que foi feita em
2006, 2007, e que não tem responsável técnico, pois não aparece o responsável
técnico por isso, está acobertada essa busca da responsabilidade técnica.
Então, não temos nenhum problema de fazer esses e outros debates aqui nesta
tribuna porque, quando construímos relações, inclusive de continuidade
administrativa, elas são sérias, mas o relatório do CREA é muito claro e diz
que o uso da metodologia hidráulica foi insuficiente na construção do projeto;
diz que o uso de critérios estruturais e construtivos foram inadequados na
construção do projeto; diz que a execução foi com dificuldades operacionais e
diz que o gestor não fez a gestão como tinha que fazer. Aí tem mais um problema
aqui no relatório do CREA, não é um problema no relatório, é um problema da
insuficiência do relatório porque ele só fez naquela parte que estourou e o
Conduto é imenso. Será que as outras partes, se consertar esse remendo agora,
não irão estourar? Então o que nos remete aqui é fazer esse debate, é fazer
essa justeza. E quando pedimos ao Prefeito Fortunati que abra uma sindicância
interna para cobrar, ver a questão do aditivo, buscar a responsabilidade do
Ernesto Teixeira e do Secretário de Gestão da época não é nenhum problema, o
Prefeito já assumiu fazer isso em outras áreas. Então essa é a nossa
contribuição, continuaremos debatendo e falando em alto e bom som. Grande
abraço, muito obrigado a todos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Sr. Tarso Boelter está com a palavra.
O SR. TARSO
BOELTER: Gostaria de fazer uma saudação especial ao representante da Sociedade de
Engenharia, meu querido amigo Arthur Lorentz, por quem tenho uma admiração
especial; também quero agradecer ao Diretor do IPH, André, e um carinho muito
grande ao Paulo, descemos juntos ao Conduto, eu tive a oportunidade de aprender
um pouco contigo naquele trajeto que fizemos juntos. Quero reafirmar nosso
agradecimento ao CREA pela presteza e pela qualidade do trabalho apresentado.
Eu gostaria de iniciar respondendo a algumas
perguntas e iniciar pelas do Ver. Mauro Pinheiro. Ver. Mauro, todos os Pedidos
de Informações encaminhados ao Departamento serão respondidos, não haverá
nenhum tipo de PI que, no DEP, não será respondido. Ontem mesmo foi encaminhado
e protocolado aqui na Câmara o seu Pedido de Informações com as respostas. Eu
lhe telefonei, Ver. Mauro Pinheiro, gostaria de ter lhe apresentado o que foi
entregue, mas não recebi o seu retorno. Sobre tudo aquilo que foi solicitado,
há 29 volumes que estão à disposição no DEP, não havia condições de encaminhar
isso. Estão lá à disposição para qualquer pesquisa e falam de todo o processo
jurídico do Conduto. Nós entregamos cópia digitalizada dos diários de obras,
dos termos aditivos, cópia de toda a sua solicitação foi entregue aqui, na
Câmara Municipal. Recebi também, na mesma linha, um Pedido de Informações do
Ver. Comassetto, ontem ou anteontem, que também será respondido.
Eu queria esclarecer à Ver.ª Jussara Cony que a
empresa irá consertar aquele trecho, ou seja, não haverá ônus para o Município
com relação àquele trecho que foi danificado. E nós temos um posicionamento no
Departamento: por medida de segurança, nós vamos consertar aquele trecho
danificado que envolve 17 metros. Sabemos que talvez o posicionamento do CREA
fosse no sentido de que, se consertasse aquele trecho, poderia estourar em
outro. Mas isso é uma suposição, e eu prefiro ficar com essa suposição a correr
o risco de, com uma nova chuva, cair um carro naquele trecho que foi danificado
e morrer alguém. Então, eu prefiro ficar com uma medida de segurança de
consertar aquele trecho e inspecionar todo o Conduto Forçado minuciosamente.
Essa foi uma sugestão que o CREA nos deu, e nós vamos acatar: fazer essa
inspeção em todo o Conduto. Estamos prospectando as empresas, estive em Belo
Horizonte na semana passada, estive também em São Paulo, conversamos com o
Instituto de Pesquisas Técnicas da Universidade de São Paulo, o mesmo Instituto
que fez a perícia na cratera que se abriu no Trensurb de São Paulo. Então, nós
estamos conversando, estamos prospectando, em breve teremos uma definição da
empresa e, assim que definido, vamos partir para a contratação e para a
inspeção. Queria também esclarecer ao Ver. Comassetto que os engenheiros que
iniciaram o projeto foram os mesmos que acompanharam. A engenheira Magda
acompanhou todo o projeto até o final; a engenheira Daniela, a engenheira Maria
Lúcia, todos foram os mesmos, não houve mudança desses engenheiros, eles
continuaram participando de todo o projeto. Também é importante destacar...
(Aparte antirregimental.)
O SR. TARSO
BOELTER: Houve dois fiscais na obra, aliás, houve representantes... pelo DEP,
foram dois fiscais - um eu soube que faleceu; e o outro era o engenheiro
Leonel. Houve também participação e fiscalização in loco do BID, representantes do Tribunal de Contas, da EPTC, da
SMOV, DMAE, do próprio DEP e das empresas envolvidas, e com o apoio operacional
contratado.
Mas, enfim, eu quero agradecer a Câmara Municipal,
quero reafirmar aqui a nossa posição, a minha tarefa lá no Departamento, como
atual gestor, será de consertar o problema do trecho danificado, inspecionar
tecnicamente todo o Conduto e dar total transparência para os órgãos internos e
externos da Administração. Toda vez que a Câmara me convidar, estarei aqui para
prestar qualquer esclarecimento com relação ao Conduto, ou qualquer outro
assunto com relação ao Departamento de Esgotos Pluviais. Da minha parte seria
isso, não sei se fiquei devendo alguma resposta, Nedel, acho que era isso aí.
Um abraço.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Sr. Paulo Deni Farias está com a palavra.
O SR. PAULO
DENI FARIAS: Sr. Presidente, senhores da Mesa, Srs. Vereadores; quero reiterar que
nós, da autarquia federal CREA, cumprimos um pedido do Exmo. Prefeito de Porto
Alegre, Dr. José Fortunati, no sentido de avaliar estritamente o que aconteceu
naquele trecho em que houve o rompimento. Portanto, nós recomendamos, no nosso
Relatório - e acabou o Diretor Tarso de confirmar isso -, uma avaliação técnica
de toda a obra, mas nós, no nosso parecer, descemos naquele local, num espaço
confinado, de atmosfera dinâmica, em que tivemos que avaliar as condições e
disponibilidade de oxigênio, monitorar todo o tempo. Não é um ambiente fácil de
a gente descer, por questões de segurança, porque a atmosfera muda a todo o
tempo, porque efluentes ali estão entrando, a gente não conhece a natureza.
Isso se chama espaço confinado, tem uma norma do Ministério do Trabalho, NR33,
isso o que aconteceu lá. Até elogiei o Tarso na época, porque recolhi de um
colega, Engenheiro Francisco, do DEP, dizendo que, em 27 anos de trabalho dele,
era o primeiro Diretor-Geral que descia numa galeria de esgoto. Eu acho que
gestor tem que ir ao lugar onde as coisas acontecem. No gabinete a gente não
conhece o que acontece.
A questão levantada aqui, do preço da obra, também
não fazia parte do escopo a nós solicitado, não entramos nessa avaliação. A
nossa avaliação foi estritamente técnica no sentido de contribuir com as
deficiências encontradas, as propostas de reavaliação dessa obra. Também, em
momento algum condenamos essa obra. Eu desci na obra, e a galeria estava de pé,
não houve uma explosão do Conduto, como saiu na imprensa. É bom a gente ter uma
imprensa livre, é importante para a democracia, mas ela escreve e aquilo vende.
Então não vi nenhuma explosão lá, eu vi rompimento, por problemas sistêmicos,
técnicos. Aquele Conduto lá não é uma obra condenada, é uma obra que precisa de
alguns reparos, estudos, mas não vai se gastar novamente R$ 60 milhões,
seguramente; vai se gastar uma parte ínfima desse valor para fazer as
adequações. É uma obra que está lá para atender à comunidade.
Finalmente, meu caro Presidente, eu quero agradecer
a oportunidade que nos dá a Câmara de Vereadores de vir aqui a autarquia
federal de fiscalização do exercício profissional da Engenharia e da Agronomia
para prestar os esclarecimentos necessários, e o Conselho se coloca à
disposição dos Srs. Vereadores para o que necessário for.
Desejo a todos um bom trabalho. Não sou daqui, moro
em Porto Alegre há 41 anos, amo esta Cidade, e tudo aquilo que os senhores
fizerem em prol desta Cidade nós agradecemos. Muito obrigado. Bom trabalho a
todos, saúde.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Dr. Paulo Deni Farias.
O Sr. André da Silveira, Diretor do Instituto de
Pesquisas Hidráulicas, está com a palavra.
O SR. ANDRÉ
LUIZ LOPES DA SILVEIRA: Eu queria declarar bem claramente que, na análise
dos documentos, eu não vi nenhuma responsabilidade das Engenheiras Daniela
Benfica e Magda Carmona. Eu reitero aqui, como observar externo, que elas não
têm nada a dever nessa responsabilidade. Não sei quem é que define o tamanho do
DEP; se vocês têm esse poder, ajudem o DEP, os engenheiros do DEP que estão
expostos a problemas, porque eles são um elo fraco dessas engrenagens que se
fazem na contratação de obras públicas. Então, a contratação de empresas, a
contratação de consultorias, e os engenheiros, no caso as engenheiras, ficam
muitas vezes em situações difíceis, dado o contexto mais amplo. Reitero aqui
que nós deveríamos – aí eu concordo em gênero e número com a Ver.ª Jussara Cony
– fortalecer o Poder Público na sua parte técnica, para que não haja essa
hipertrofia e a contratação de empresas de Engenharia cujo corpo técnico tem
que ser buscado fora - ela ganha licitação e depois tem que buscar fora os
engenheiros seniores para tocar o projeto.
Outro esclarecimento é que o IPH não participou do
Projeto Conduto Álvares Chaves, muito menos o seu setor de hidráulica, mas
evidentemente pessoas ligadas ao IPH, não funcionalmente, sabe-se que
trabalharam no projeto; o IPH não participou, teria muito orgulho de participar
oficialmente, mas isso não aconteceu.
Em terceiro lugar, eu já li e reli este Parecer
umas 20 vezes, para eventuais incoerências, e continuo não mudando uma palavra
- em nome da comissão eu falo isso. Uma das recomendações: nós alertamos o DEP
para que tome cuidado no conserto, porque, se não houver um estudo hidráulico
abrangente de todo o Conduto, feito por pessoas que entendam de hidráulica e no
conserto reforçando-o, pode acontecer o pior. É uma possibilidade, mas não
podemos apostar em acidentes maiores. Se nós desconhecemos os fenômenos que
podem dar picos de pressão altíssimos, isso tem que ser verificado ou negado
por especialistas que assinem uma RT, que ponham o seu nome embaixo, que
identifiquem os métodos usados em Engenharia, porque nós precisamos ter certeza
das pressões dentro desse Conduto.
Eu recomendo cautela ao DEP nesse reforço, porque
há possibilidade de efeitos piores. Então, é um alerta que deixamos. Nós, da
Comissão, do IPH, cumprimos o nosso papel, mas eu confio na postura que está
sendo adotada pelo DEP em não menosprezar, em não minimizar as várias
possibilidades de ocorrências de fenômenos hidráulicos que podem acontecer -
podem -, porque essa galeria tomou proporções muito maiores do que no projeto
original lá de 2002. E não se teve o princípio da precaução. Pode ser que a
pressão não supere os cinco metros, pode ser. Pode ser que seja só um erro na
parte de cálculo estrutural, que isso realmente houve, e mais um erro de
execução, que também isso é claro e cristalino que houve. Mas esse conserto,
nas antigas condicionantes hidráulicas, tem que ser feito com cuidado. Por
isso, o parecer do CREA recomenda uma contratação especializada em hidráulica
para a simulação e a averiguação das pressões, com equipes diferentes, tanto do
IPH, cujo setor de Hidráulica concorda com o Parecer que nós temos aqui do
CREA; quer dizer, tem que ser equipes diferentes do IPH e diferentes das
equipes que trabalharam no projeto. Tem que ter uma terceira opinião para que
nós, porto-alegrenses, tenhamos segurança, senão eu não recomendaria passar
pela Rua Coronel Bordini em dia de chuva. Eu quero ter essa certeza, eu quero
ler esses laudos, quero ver as conclusões dizendo que não há perigo na passagem
sobre essa galeria.
Era isso que eu tinha para dizer, e continuo à disposição
pelo CREA, se me permitem, e pelo IPH da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Obrigado, Dr. André.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 17h58min.)
O SR.
PRESIDENTE (João Carlos Nedel – às 18h): Estão reabertos os trabalhos.
Visivelmente, não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h.)
* * * * *